Na Semana Cultural de São Martinho do Bispo, em Coimbra, a tradição do ferro forjado ganha nova vida pelas mãos de Manuel Almeida, conhecido como “Dr. Martelo”, e do seu neto José Miguel.
Conhecido como “Dr. Martelo”, Manuel trabalhou 36 anos e meio na empresa coimbrense, “sem falhar um dia”, como orgulhosamente refere. A alcunha surgiu da longa convivência com o martelo e a forja. Reformado há cinco anos, dedica-se agora ao artesanato como passatempo — e como forma de transmitir saberes ao neto.
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José Miguel, de 17 anos, começou a interessar-se pela arte aos 10, inspirado pelas horas passadas na oficina com o avô. “Sempre o vi agarrado ao martelo, à forja. Mostrei interesse e ele começou a ensinar-me a soldar”, conta. Apesar da paixão, encara esta atividade como um hobby, lamentando a falta de valorização do trabalho artesanal: “Não dão o valor que estas peças têm.”
Na banca da feira, as peças variam entre simples algarismos em ferro e trabalhos mais elaborados, como símbolos da União de Coimbra — clube de que ambos são adeptos — ou esculturas como a Rainha Santa e um candeeiro artesanal que pode custar até 200 euros. “Mas este não é o valor real do trabalho”, sublinha Manuel. “Se não baixar o preço, ninguém compra.”
Apesar do desinteresse dos filhos, “um trabalha na eletrónica e o outro tem um bar”, Manuel vê em José Miguel a continuidade da tradição. “Tenho de passar a carteira”, diz, emocionado.
Além da demonstração ao vivo, os artesãos aceitam encomendas personalizadas a partir de imagens. “Se nos derem uma fotografia, fazemos. Pode ser um cão, uma figura religiosa, o que quiserem”, garantem.
Com o lema “Trabalho o ferro com amor”, avô e neto mostram que, mesmo numa era de produção em massa, há ainda lugar para o saber artesanal passado de geração em geração.
Veja o direto do Notícias de Coimbra:
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