Um grupo de cientistas da Universidade de Maryland, em Baltimore (EUA), está a desenvolver um sangue artificial em pó, uma inovação promissora que poderá revolucionar os cuidados de emergência e salvar milhares de vidas em cenários críticos, como acidentes rodoviários ou campos de batalha.
De acordo com a reportagem da NPR, o sangue sintético criado por esta equipa liderada pelo médico Allan Doctor já conseguiu salvar um coelho em testes laboratoriais, e poderá estar mais perto do que nunca de ser usado em humanos.
“Foi concebido de forma a que, no momento em que for necessário, um médico possa misturá-lo com água e, num minuto, terá sangue”, explicou Allan Doctor, coordenador do projeto.
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Todos os anos, dezenas de milhares de pessoas morrem por hemorragias graves antes de chegarem ao hospital. O maior obstáculo? O facto de o sangue natural necessitar de refrigeração e ter um prazo de validade muito curto — tornando impossível o seu transporte eficiente por ambulâncias, helicópteros ou unidades militares, pode ler-se no ZAP.
O novo composto está a ser liofilizado — ou seja, transformado em pó — e pode ser armazenado durante anos, dispensando frigoríficos. É feito a partir de hemoglobina retirada de sangue expirado, envolta numa bolha de gordura que simula os glóbulos vermelhos e garante maior estabilidade e segurança, resolvendo um dos principais problemas das tentativas anteriores de sangue sintético.
“Temos de ocultar a hemoglobina dentro de uma célula. É uma célula artificial que a torna segura e eficaz”, reforça o investigador.
O projeto tem o apoio direto do Departamento de Defesa dos EUA, que está a investir mais de 58 milhões de dólares no consórcio de desenvolvimento, apostando na sua futura aplicação militar — em transfusões imediatas no campo de batalha —, mas também em situações de emergência civil, onde o tempo é um fator de vida ou morte.
Apesar dos avanços, o grupo de investigação precisa ainda de aprovação da FDA (Food and Drug Administration), a autoridade reguladora norte-americana. Os testes em humanos poderão começar dentro de dois anos, segundo estimativas da equipa.
Se for bem-sucedido, este desenvolvimento poderá representar um marco histórico na medicina moderna — aproximando a ciência de uma solução há décadas procurada: sangue artificial seguro, eficaz e sempre pronto a salvar vidas.
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