O Chega parte para as autárquicas com a ambição de apresentar listas nos 308 concelhos do país e com todos os deputados como cabeças de lista para executivos ou assembleias municipais, num esforço para ser líder a nível autárquico.
O presidente do Chega, André Ventura, apelidou estas eleições de uma “prova de fogo” e estabeleceu como objetivo “ganhar câmaras no país todo”, acreditando que o partido vai “ganhar as autárquicas”, depois do quarto lugar a nível nacional conseguido nas autárquicas de setembro de 2021.
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A expectativa é de que as autárquicas acompanhem a evolução dos resultados do partido nos atos eleitorais que sucederam as últimas eleições locais, que permitiram ao Chega tornar-se a segunda maior força política na Assembleia da República e ter representação no Parlamento Europeu e nas assembleias legislativas regionais.
Para isso, o partido quer apresentar candidaturas em todos os concelhos do país, como anunciou o líder André Ventura e confirmou à Lusa a direção autárquica do Chega.
Depois de André Ventura ter apelado à disponibilidade dos parlamentares para o desafio eleitoral de 12 de outubro, a presença do Chega nestas eleições fica marcada pela presença todos os deputados (à exceção do líder) como cabeças de lista aos executivos e assembleias municipais, confirmou a direção autárquica do partido à Lusa.
O Chega não detalha a distribuição de deputados a liderar listas a câmaras ou assembleias municipais, explicando apenas que a “participação dos deputados nas autárquicas representa uma mais-valia para as comunidades locais, ao trazer para a governação municipal a experiência, o conhecimento e a responsabilidade política adquiridos no parlamento”.
Entre as candidaturas de deputados já conhecidas, destacam-se a do líder parlamentar, Pedro Pinto, que lidera a lista do partido à Câmara Municipal de Faro, com o ‘slogan’ “Tornar Faro grande outra vez” – inspirado no Presidente norte-americano Donald Trump – e de Rita Matias, líder da juventude do Chega, que se candidata à Câmara de Sintra, onde Basílio Horta (PS) está de saída por limitação de mandatos.
Também entre os parlamentares, avançam Rui Paulo Sousa, candidato na Amadora, Bruno Nunes, em Loures, e o ex-PSD Rui Cristina, em Albufeira. O coordenador autárquico, Carlos Magno, concorre em Almada.
Em Lisboa, o Chega aposta em Bruno Mascarenhas, que já era deputado municipal. Em 2021, o partido candidatou à presidência da Câmara da capital o antigo apresentador de televisão Nuno Graciano e não conseguiu eleger nenhum vereador.
No Porto, onde o partido também não elegeu qualquer vereador em 2021, o candidato é Miguel Côrte-Real, que liderou o grupo municipal do PSD na Assembleia Municipal do Porto entre 2021 e 2024.
Em 2021, a nível nacional, o partido liderado por André Ventura conseguiu 4,16% dos votos (208.232 boletins), segundo dados da secretaria-geral do Ministério da Administração Interna. Passou a marcar presença em sete distritos do país, mas falhou o objetivo de se tornar na terceira força política nacional, ficando atrás da CDU.
Nessas eleições, o próprio presidente do Chega foi o cabeça de lista à Assembleia Municipal de Moura, no distrito de Beja, depois de ter conseguido 30,85% dos votos daquele concelho nas eleições presidenciais do mesmo ano, às quais também concorreu. Nas autárquicas ficou-se pela terceira força política, atrás do PS e da CDU.
O Chega concorreu a 220 municípios nas últimas eleições autárquicas, sempre em listas próprias, e elegeu 19 vereadores. Estas foram as primeiras eleições locais a que concorreu, depois de ter sido formalizado dois anos antes.
Dos 19 vereadores, vários romperam com o partido e passaram a independentes, como Nuno Afonso, que tinha fundado o Chega ao lado de Ventura e era o militante número dois. Na sequência destas saídas, o partido admitiu que tinham existido “erros de ‘casting’ graves”.
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