O candidato da CDU (PCP/PEV) à Câmara Municipal de Coimbra afirmou hoje que o concelho “está fora de tom”, sem políticas integradas que assegurem que os bairros e a vida de proximidade se possam manter.
Numa ação no Mercado Municipal D. Pedro V, Francisco Queirós socorreu-se de uma imagem do arquiteto Francisco Keil do Amaral, que, para defender um urbanismo integrado, dizia que, se se pusessem “cinco pianistas, cada um a tocar para o seu lado, não haveria melodia”.
Recorrendo a essa imagem, o candidato da coligação PCP/PEV considerou que “Coimbra está completamente fora de tom”.
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“Toca-se aqui, toca-se acolá, recebe-se uma ou outra partitura nas mãos, recebe-se assim um ou outro acorde”, notou Francisco Queirós, dando exemplo da vinda da bienal Manifesta, que “cai nos braços” de Coimbra, quando falta “tratar a cidade como a grande orquestra”.
Para o vereador no atual executivo, o Mercado Municipal D. Pedro V é exemplo dessa falta de políticas integradas, considerando que são vários os elementos necessários para dar outra vida e dinâmica àquele espaço.
Além de programas de animação nos mercados, Francisco Queirós considerou que é preciso aumentar o número de mercados, valorizá-los e promovê-los, fomentar também as mercearias de bairro, num movimento contra as grandes superfícies que vieram dificultar ainda mais o comércio de proximidade.
“No dia em que desaparecerem os bairros, morre parte substancial [da cidade] – os bairros, neste sentido onde se vive com o comércio local, com o quiosque, o café, com o talho, com o senhor Luís da mercearia”, disse.
Segundo o vereador, é necessária uma política integrada para combater a perda de “vida de proximidade, comércio de proximidade, atividades de proximidade”.
“Nós estamos num mercado municipal, numa Baixa da cidade. Pois a Baixa também se desertificou e as pessoas têm depois dificuldade em aceder ao mercado em termos de mobilidade. Como temos vindo sempre a dizer, uma política de cidade é construída em políticas em cacho, políticas de mobilidade, políticas culturais, políticas que travem a gentrificação”, defendeu.
Ainda sobre a Baixa, Francisco Queirós deu o exemplo do Sport Club Conimbricense, sediado em pleno centro histórico e que recebe “dois mil euros por ano da Câmara Municipal”.
“Falta apoio a tudo aquilo que mexe na cidade, mas não falta para os Cold Play nem para coisas desse tipo”, criticou.
Além de Francisco Queirós, são candidatos nas eleições de 12 de outubro o atual presidente da Câmara, José Manuel Silva, pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/IL/CDS-PP/Nós, Cidadãos!/PPM/MPT/Volt); a ex-ministra Ana Abrunhosa, pela coligação Avançar Coimbra (PS/Livre/PAN); o ex-deputado José Manuel Pureza, pelo Bloco de Esquerda; Maria Lencastre Portugal, pelo Chega; Sancho Antunes, pelo ADN; e Tiago Martins, pela Nova Direita.
O atual executivo é composto por seis elementos da coligação Juntos Somos Coimbra, quatro do PS e um da CDU.
As eleições autárquicas decorrem no dia 12.
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