A Câmara Municipal de Coimbra virou recreio de um infantário, esta segunda-feira, quando o presidente e uma vereadora desprezaram a representação popular.
José Manuel Silva desafiou Rosa Isabel Cruz a praticar roleta-russa e a autarca enveredou pelo suicídio político.
Ambos são autores de um exercício medíocre, cuja natureza nada tem a ver com a nobre função da representação popular.
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O presidente, percebendo que a vereadora “mordia o isco”, muniu-a dos meios para a humilhação. Ela, em vez de o enfrentar no terreno do salutar combate político, deixou-se enredar nas rábulas da espuma dos dias, em que ele é exímio.
O exercício medíocre foi marcado pela semântica. Ela achava que Silva tinha invocado total cobertura do concelho por parte dos SMTUC – Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos, mas ele limitara-se a alegar que o território está coberto por transporte colectivo.
Ele, em vias de ser julgado por alegados crimes, presumivelmente cometidos quando era bastonário da Ordem dos Médicos, afirmou – qual virgem ofendida – ser inadmissível a deturpação daquilo que um autarca diz.
Tudo se resume, por conseguinte, a uma luta de egos.
Para a História fica que ela, deputada pelo PS à Assembleia da República, deu nas vistas quando o outrora governador civil Henrique Fernandes a habilitou a um aumento de 80 por cento do salário ao mudá-la de função.
De Rosa Isabel, que renunciou à vereação num exercício de roleta-russa, espera-se que abdique, agora, do (quarto) lugar em que figura na lista do PS para a próxima Assembleia Municipal de Coimbra.
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