Para muitas famílias portuguesas, a “farmácia lá de casa” tem morada fixa: o armário da casa de banho. Conveniente, acessível e aparentemente lógico. No entanto, especialistas alertam que este é, provavelmente, o pior sítio da casa para guardar medicamentos — e que o hábito pode comprometer a eficácia e segurança dos tratamentos.
O motivo é simples: a casa de banho reúne todas as condições que os folhetos informativos avisam para evitar. Banhos quentes, vapor, humidade elevada e variações bruscas de temperatura criam um ambiente hostil para comprimidos, xaropes, pomadas e outros fármacos. Com o tempo, estas condições podem degradar os medicamentos, mesmo que o prazo de validade ainda não tenha sido atingido, explica o Leak.
A maioria das embalagens traz uma recomendação clara: “Conservar em local seco, ao abrigo da luz e abaixo de X ºC.” A casa de banho faz exatamente o contrário:
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- picos de calor com os banhos;
- humidade e vapor que podem infiltrar-se em blisters ou frascos mal fechados;
- fraca ventilação e acumulação de condensação.
O resultado pode ser perceptível ou silencioso: comprimidos mais moles, pomadas que mudam de textura, xaropes com cheiro alterado — ou, pior, medicamentos aparentemente normais, mas já sem a eficácia esperada.
Um medicamento mal conservado pode: perder potência, reduzindo o efeito terapêutico; sofrer alterações físicas que indicam degradação; e tornar-se, em casos extremos, inseguro para consumo.
Os avisos de conservação não são meras formalidades: têm impacto direto na forma como o medicamento age no organismo.
A regra é simples: local seco, fresco, com temperatura estável e fora do alcance das crianças.
Entre as melhores alternativas: armário fechado num corredor ou quarto; gaveta alta na cozinha (longe de fontes de calor); e caixa própria para medicamentos guardada num local neutro, sem humidade.
Quanto ao frigorífico, só deve ser usado quando a embalagem ou o folheto o indicar claramente. Refrigerar medicamentos “por precaução” pode ser tão prejudicial como deixá-los na casa de banho.
Em caso de dúvidas, os farmacêuticos são a melhor fonte de esclarecimento.
Especialistas recomendam rever a farmácia caseira com regularidade:
- medicamentos fora do prazo → entregar na farmácia;
- comprimidos com cheiro, cor ou textura alterada → não usar;
- xaropes com sedimentos ou cheiro estranho → descartar.
Organizar, limpar e guardar corretamente pode ser a diferença entre ter uma farmácia caseira funcional ou um risco invisível dentro de casa.
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