Saúde

Ataques cardíacos em mulheres não seguem as regras dos homens

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 23-09-2025

Imagem: depositphotos.com

Uma nova investigação revelou que as causas dos ataques cardíacos diferem significativamente entre homens e mulheres com menos de 65 anos.

Os ataques cardíacos, medicamente conhecidos como enfartes do miocárdio, são normalmente associados a artérias bloqueadas pela acumulação de colesterol e formação de coágulos. No entanto, em adultos jovens, existem outras causas menos comuns.

Um estudo publicado esta segunda-feira no Journal of the American College of Cardiology analisou todas as pessoas com menos de 65 anos em Minnesota que apresentaram evidências de danos no músculo cardíaco entre 2003 e 2018. Os investigadores classificaram os enfartes em seis categorias de causas e analisaram as diferenças entre homens e mulheres mais jovens.

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De acordo com a New Atlas, de quase 3.000 pacientes, 68% dos ataques cardíacos resultaram de bloqueio clássico das artérias e coagulação — conhecido como aterotrombose. Os homens eram muito mais propensos a sofrer este tipo de enfarte do que as mulheres.

Por outro lado, as mulheres apresentaram maior probabilidade de ter enfartes causados por outras condições.

Além da aterotrombose, as restantes causas de enfarte incluídas no estudo foram:

  • SCAD (dissecção espontânea da artéria coronária): um rasgão na parede da artéria;
  • Embolia: um coágulo que se desloca de outra parte do corpo para o coração;
  • Vasoespasmo: estreitamento temporário da artéria;
  • MINOCA-U: enfarte do miocárdio com artérias coronárias desobstruídas e sem outra causa clara;
  • Desajustamento oferta-demanda (SSDM): quando o músculo cardíaco precisa de mais oxigénio do que recebe, mesmo sem bloqueio arterial, por exemplo durante doença grave ou stress.

A SCAD era particularmente frequente nas mulheres, nas quais apenas cerca de metade dos enfartes (47%) resultava de artérias bloqueadas, contra 75% nos homens.

Entre os ataques cardíacos em mulheres, as causas registadas foram: SSDM (34%), aterotrombose (11%), embolia (2%), vasoespasmo (3%) e MINOCA-U (3%).

A sobrevivência a longo prazo revelou-se pior nas pessoas de ambos os sexos com enfartes causados por SSDM: cerca de um em cada três (33%) morreu no prazo de cinco anos.

Por outro lado, nos enfartes provocados por SCAD, não se registaram mortes cardiovasculares ao longo de cinco anos. Os ataques clássicos com artérias bloqueadas apresentaram uma taxa de mortalidade de cerca de 8% no mesmo período.

“A nossa investigação realça a necessidade de repensar a forma como abordamos os ataques cardíacos nesta população de doentes e, em particular, nas mulheres adultas mais jovens”, afirmou Rajiv Gulati, investigador do estudo, citado pela New Atlas.

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