Saúde
As mulheres são consideradas as mais atraentes, até pelas próprias mulheres. Mas porquê?

Imagem: depositphotos.com
Em retratos, poemas e provérbios, o mundo há muito que celebra as mulheres como o sexo mais belo.
No entanto, esta ideia nunca tinha sido testada de forma científica rigorosa — até agora. Uma equipa internacional de psicólogos e neurocientistas analisou dados de mais de 12.000 pessoas e 11.000 imagens faciais recolhidas em 28 estudos realizados em cinco continentes, confirmando o que a maioria já suspeitava: em quase todas as culturas e faixas etárias, os rostos femininos são avaliados como mais atraentes do que os masculinos, tanto por homens como por mulheres.
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Nos animais, geralmente são os machos que exibem características vistosas para atrair as fêmeas. Contudo, nos humanos, essa regra parece invertida. “As fêmeas são normalmente o sexo mais exigente”, explica Eugen Wassiliwizky, neurocientista do Instituto Max Planck de Estética Empírica e autor principal do estudo. “Mas, nos humanos, são as mulheres que são idealizadas como o sexo mais belo.”
Curiosamente, embora a ciência reconhecesse esta percepção social, nunca havia testado diretamente a atratividade dos rostos femininos e masculinos em diversas culturas até este trabalho.
Os investigadores foram além da simples avaliação visual, realizando uma análise estatística que mostrou que cerca de dois terços da diferença nas pontuações se devem ao “dimorfismo sexual da forma” — diferenças estruturais subtis como o formato do maxilar, a proeminência das maçãs do rosto e a curvatura da testa que diferenciam os rostos masculinos dos femininos.
No entanto, um terço dessa disparidade não se explica pela estrutura facial, mas pelo simples facto de o rosto ser identificado como feminino. Ou seja, mesmo quando os rostos masculinos e femininos tinham estruturas faciais semelhantes, as pessoas davam notas mais altas às mulheres.
Uma das descobertas mais inesperadas foi que foram as mulheres, e não os homens, que deram as classificações mais altas aos rostos femininos. Esta “generosidade entre pares” pode refletir solidariedade ou uma maior atenção à beleza entre mulheres. Além disso, as mulheres podem usar critérios mais complexos para avaliar os homens, incluindo traços de personalidade, o que dilui a avaliação da atratividade física.
Normas sociais e a consciência de estarem a ser avaliadas também podem influenciar estas respostas.
A única exceção significativa foi a África Subsaariana, onde a diferença nas avaliações entre homens e mulheres não foi estatisticamente significativa. Isto pode dever-se a uma menor distinção estrutural entre rostos masculinos e femininos nesta região, bem como a diferentes padrões culturais de beleza.
Estas variações recordam-nos que a beleza é uma combinação de biologia e cultura, moldada pela identidade e contexto social, pode ler-se na ZME Science.
Este estudo abre caminho a questões importantes: por que algumas culturas valorizam tanto a feminilidade? Estas percepções são inatas, aprendidas, ou uma mistura de ambas? E como estas ideias influenciam desde as relações interpessoais até decisões em áreas como emprego e política?
As descobertas foram publicadas no servidor de pré-impressão bioRxiv.
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