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Artistas qua atuam nas aldeias são fundamentais na animação do país

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 17-03-2021

Os artistas que atuam nas aldeias são fundamentais nas festas e animação de todo o país, fora dos grandes centros urbanos, disse em entrevista à agência Lusa o antropólogo José Manuel Sobral.

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“Mesmo quando não estávamos confinados, em todo o território, houve uma grande restrição a festividades, a encontros, portanto imagino que estejam a sofrer bastante, porque estamos há um ano em pandemia”, afirmou José Manuel Sobral.

Para o investigador principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, estes artistas, sendo cidadãos portugueses e pagando impostos, devem receber apoio: “Eram uma parte importante da vida local. São eles que animam praticamente tudo aquilo que fica fora dos grandes centros urbanos, como Lisboa, Porto, Coimbra”.

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“Têm um calendário muito forte sobretudo durante a época festiva. O verão é que acaba por ser em Portugal a grande época festiva porque também é o momento em que grande parte do país que está vazio beneficia com a vinda dos emigrantes à sua terra natal”, observou.

A ligação a estas comunidades está agora a ser o destino de alguns músicos sem trabalho no palco.

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“Estas pessoas, ou algumas delas, também eram pessoas que nos seus itinerários de atuação iam aos locais dos emigrantes, com base nos laços e nas redes de que dispõem com os seus conterrâneos”, referiu.

Nas aldeias, mesmo sem pandemia, a oferta cultural é escassa, pelo que a música, a dança, a partilha de refeições ao ar livre assume particular importância, defendeu.

“É evidente que nas aldeias e nas vilas mais pequenas algumas das outras diversões estão ausentes. Suponho que hoje seja muito difícil, mesmo ao nível do município rural, que não seja na faixa do litoral ou numa cidade razoavelmente grande, haver cinema”, exemplificou.

José Manuel Sobral destacou igualmente a importância das bandas filarmónicas a nível local e regional, de onde não raras vezes emanaram os músicos que animam os arraiais.

“As bandas de música são associações locais, muitas delas vêm do século XIX, são lugares onde se aprende música, a linguagem musical, músicos que conseguem ler as partituras e interpretá-las e das quais sairão também músicos para estes grupos”, recordou.

“As sociedades filarmónicas são imensas em Portugal e são uma parte importante dos festejos locais, nomeadamente como acompanhamento da componente religiosa”, acrescentou o antropólogo.

Estas festividades estão normalmente associadas a romarias, ao culto de um determinado santo ou evocação mariana.

“Comportam uma dimensão religiosa, muitas vezes com acompanhamento da banda nas procissões, e depois comportam também uma festividade profana, normalmente grandes bailaricos, leilões, divertimentos, comidas ao ar livre, em grupo, comidas populares”, referiu.

“Cantar, dançar, comer em conjunto, conversar, rir, são atividades fundamentais para o nosso bem estar enquanto membros da sociedade, enquanto seres humanos. É muito difícil viver de uma maneira constrangida em termos comunicacionais, sem ver o outro, sem o contactar, sem rir, sem namorar, é muito difícil”, assumiu o antropólogo, autor de Portugal, Portugueses: Uma Identidade Nacional.

 

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