Coimbra

Artistas apelam à continuidade da bienal Anozero no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova

Notícias de Coimbra | 2 meses atrás em 08-03-2024

–Um manifesto subscrito por vários artistas nacionais e estrangeiros que já participaram na bienal de arte contemporânea de Coimbra defendem a continuidade da Anozero no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, rejeitando o processo de transformar o monumento num hotel.

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O manifesto, cujos autores são o brasileiro Rubens Mano e o mexicano Luis Felipe Ortega (artistas que participaram nas edições da bienal de 2017 e 2019, respetivamente), rejeita o processo de transformação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova num hotel, no âmbito do programa Revive, defendendo a preservação da ligação da bienal àquele monumento, tido como epicentro da Anozero.

O documento é subscrito, entre outros, pelo artista islandês Ragnar Kjartansson (assim como outros artistas e músicos da Islândia), que teve uma exposição a solo no mosteiro em 2023, vários dos curadores das edições passadas e da que se irá realizar este ano, assim como de nomes nacionais e estrangeiros que participaram na Anozero.

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Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Carrilho da Graça, João Fiadeiro, João Onofre, Gabriela Albergaria, Bruno Zhu são alguns dos artistas nacionais que participaram na bienal que subscrevem o manifesto, onde também surgem nomes estrangeiros como a americana Candice Line, a sul-africana Buhlebezwe Siwan, o brasileiro Jarbas Lopes, a neerlandesa Moirika Reker ou a libanesa Marwa Arsanios.

“Consideramos que a bienal de arte contemporânea de Coimbra Anozero deve ter a sua ligação ao mosteiro garantida e preservada e estar na linha da frente do movimento de reabilitação deste extraordinário espaço da cidade”, pode ler-se no documento, disponível em https://geral.anozero-bienaldecoimbra.pt/manifesto-a-favor-do-anozero-bienal-de-coimbra/

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Para os subscritores, se for quebrada a ligação entre o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova e a bienal, “perder-se-á a identidade que deu lugar ao entendimento do conceito de bienal, da cidade de Coimbra e do mosteiro como uma engrenagem que movimenta as dinâmicas vivas das práticas artistas contemporâneas num tempo e num espaço específicos”.

“Registamos, assim, com este manifesto, a nossa total rejeição à condução de um processo que, surpreendentemente, desconsidera o papel e a importância que a bienal de arte contemporânea de Coimbra Anozero representa para a recuperação simbólica do Mosteiro, para a expansão das experiências culturais em Coimbra e em Portugal e para a afirmação de um espaço de reflexão no circuito internacional das bienais de arte contemporânea”, vincam.

No manifesto, é também salientado a forma como a bienal, “apesar da sua juventude”, tem conseguido ter “um impacto significativo no atual contexto das grandes exposições internacionais”.

“O manifesto foi escrito por dois artistas sul-americanos – o Rubens Mano e Luis Felipe Ortega – quando participavam na Bienal de São Paulo [que decorreu no final de 2023]”, contou à agência Lusa Carlos Antunes, diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), entidade que coorganiza a bienal em conjunto com a Câmara Municipal e a Universidade de Coimbra.

Segundo Carlos Antunes, a procura de subscritores foi feita pelos próprios autores do manifesto, referindo que, desde a sua publicação, na quinta-feira, 400 pessoas já assinaram o documento.

“As pessoas ainda não perceberam o quanto isto é uma preocupação de muita gente e temos responsabilidade de dar a conhecer essa preocupação”, afirmou Carlos Antunes, que no passado já afirmou que o processo de transformação do mosteiro num hotel, mesmo reservando um espaço de 600 metros quadrados para a bienal, põe em causa a continuidade da Anozero.

Questionada pela agência Lusa, a Turismo de Portugal explicou que a adjudicação à empresa que ficou ordenada em primeiro lugar no concurso para a transformação do mosteiro em hotel ficou sem efeito, sendo agora notificado o concorrente que ficou em segundo lugar para saber se aceita a adjudicação da concessão.

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