O arquivo histórico do Hospital Colónia Rovisco Pais (HCRP), da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra, contempla documentação produzida e acumulada no âmbito das atividades de assistência clínica, social, de investigação e formação, entre 1947 a 1996, contemplando documentos em papel (pastas e livros) e documentos fotográficos (slides e fotografias).
A recuperação, preservação e valorização deste arquivo será, agora, apoiada pelo Programa Iberarchivos, cuja Unidade Técnica, em Portugal, é a Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.
As condições de armazenamento dos documentos do arquivo histórico do HCRP foram melhoradas nos últimos anos e os arquivos fotográficos foram alvo de inventário e digitalização. Contudo, a salvaguarda e valorização dos documentos textuais ainda carece de melhorias que garantam a sua preservação futura e acesso contínuo. O objetivo do projeto submetido para apoio é melhorar as condições de conservação e
preservação deste património arquivístico singular; promover o tratamento arquivístico dos documentos do HCRP, com vista à sua salvaguarda e futura proposta de classificação com património nacional ou mundial; e melhorar o acesso à informação, especialmente por parte dos investigadores.
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“O valor informativo e histórico do arquivo do HCRP decorre da unicidade e a universalidade da experiência/vivência de que são testemunhos os documentos do antigo hospital”, destaca Cristina Nogueira, responsável pela curadoria do Núcleo Museológico do HCRP, acrescentando: “Trata-se de um arquivo único, sem paralelo em Portugal, dado que o HCRP foi a única aldeia terapêutica exclusivamente dedicada a estes doentes e a última leprosaria nacional portuguesa, que – especializada na assistência clínica e social a doentes com hanseníase e às suas famílias – foi o epicentro de toda a luta contra a doença, em Portugal, entre 1947 e 1976, altura em que os doentes passaram a ser admitidos em outros hospitais portugueses”.
“Estamos a falar de um fundo documental que remete para uma memória coletiva universal, passível de ser integrado numa rede de locais de memória associados à luta contra esta doença emblemática e estigmatizante, cujo percurso milenar faz parte integrante da história da humanidade”, conclui a responsável, recordando que “a importância deste tipo de espólio, de que são exemplos o Leprosy Archive of Bergen (Noruega) ou o Culion Museum and Archives (Filipinas), tem ganho uma crescente
valorização por parte da UNESCO, integrando hoje a lista de Património Mundial”.
O arquivo histórico do HCRP, que permite fazer um retrato do perfil socioeconómico, cultural e sanitário da população e da medicina e instituições de saúde em meados do século XX, constitui um complemento importante ao Núcleo Museológico e Biblioteca Científica do HCRP, serviços muito procurados por visitantes e investigadores nacionais e internacionais.
A candidatura aprovada pretende resolver dois problemas essenciais: 1) Conservação e preservação do arquivo. 2) Organização, salvaguarda e comunicabilidade. O projeto submetido tem como metas principais: promover a importância da salvaguarda dos arquivos históricos hospitalares para a história e memória, evitando a sua destruição; contribuir para o desenvolvimento da arquivística de fundos históricos hospitalares; reforçar o papel das instituições regionais e dos hospitais locais na salvaguarda e gestão do seu património cultural, como indicador do exercício de cidadania, responsabilidade
social e de uma gestão eficiente.
“Foi com grande satisfação que a ULS de Coimbra recebeu a boa notícia do apoio concedido ao arquivo histórico do Hospital Colónia Rovisco Pais, que nos vai permitir continuar a trabalhar, agora com mais meios, para preservar e salvaguardar este acervo único em Portugal, de inquestionável relevância para a memória coletiva Iberoamericana”, frisa Alexandre Lourenço, Presidente do Conselho de Administração da ULS de Coimbra, destacando ainda que um dos objetivos é “melhorar o acesso à informação e fortalecer a capacidade de resposta da Instituição às solicitações de consulta, por parte de clínicos e investigadores, o que é essencial numa instituição universitária como a nossa, em que um dos focos é contribuir para a formação,
investigação e inovação
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