O orçamento para 2026 da Câmara de Arganil, no interior do distrito de Coimbra, ultrapassa os 50 milhões de euros, o maior de sempre, em parte devido ao volume de obras financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Com uma dotação de 53,5 milhões de euros, substancialmente superior aos 42 milhões para 2025, o documento foi aprovado na Câmara e Assembleia Municipal, por maioria (PSD), com os votos contra do PS, único partido na oposição.
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“O valor orçamental deve-se à conjuntura relacionada com os projetos financiados pelos fundos comunitários, em particular pelo PRR, e à capacidade do município em conseguir aprovar candidaturas”, salientou à agência Lusa o presidente da Câmara.
Luís Paulo Costa referiu que as maiores dotações do orçamento destinam-se à Educação, com a requalificação de duas escolas no concelho, e à Saúde, com a construção do novo Centro de Saúde e Serviço de Urgência Básica.
Só nestas áreas, o investimento municipal atinge em 2026 os 12 milhões de euros.
Na habitação, outra das prioridades apontadas pelo autarca, o município prevê um investimento de cerca de 5,8 milhões de euros, no âmbito de um plano plurianual de 12 milhões de euros destinado à construção e reabilitação de cerca de 70 fogos, que termina em 2027.
Na área da Proteção Civil, o orçamento para 2026 inclui uma dotação superior a 5,2 milhões de euros para recuperar o território após o incêndio florestal de agosto, que devastou cerca de 40% do concelho e se tornou no maior de sempre do país em área ardida.
Mais de 4,8 milhões de euros daquele montante serão financiados por programas específicos de resposta a catástrofes e destinam-se à reposição e reparação de infraestruturas e equipamentos municipais afetados, bem como à implementação de medidas de mitigação dos impactos do incêndio.
Ainda em 2026, o executivo liderado por Luís Paulo Costa prevê iniciar as obras de requalificação do Teatro Alves Coelho, estimadas em 5,7 milhões de euros, cuja candidatura está a ser apreciada pelo Programa Operacional Regional Centro 2030.
No âmbito deste programa, deverá avançar também a reabilitação da igreja do Convento de Vila Cova do Alva, cuja candidatura totaliza quase seis milhões de euros.
Os vereadores do PS, que votaram contra o Orçamento, lamentaram que o documento tivesse sido “fechado” e não pudessem participar na sua conceção.
“O documento que nos é apresentado para 2026 é uma reposição em cadeia do ano presente e pouco imaginativo. Os grandes investimentos são os que estão em curso com financiamento europeu”, referiu Rui Silva.
Os autarcas socialistas frisaram que, além de quatro grandes investimentos financiados, o orçamento contempla mais intervenções de 12 milhões de euros, “na sua maioria esmagadora ainda por aprovar e sem verba garantida, o que coloca em causa a sua concretização e coloca em dúvida a capacidade do município em poder cumprir”.
Os vereadores do PS consideraram ainda insuficientes as dotações de 3,8 milhões de euros para estradas florestais, que “mesmo assim só serão concretizadas caso sejam financiadas a 85% por fundos europeus”, de 1,6 milhões de euros para a requalificação da rede viária municipal e de 67.600 euros para a construção do Ecocentro.
Apesar de registarem com agrado a perspetiva de requalificação do Teatro Alves Coelho, os socialistas disseram que a data prevista de conclusão, “para finais de 2027 ou início de 2028, é muito penalizante para um equipamento cultural de grande significado e importância para o concelho”.
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