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Apenas 10 minutos no chão podem provocar a morte a um coala

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 5 horas atrás em 10-07-2025

Imagem: depositphotos.com

Durante quase todo o dia e a noite, os coalas mantêm-se imóveis, dormitando entre os ramos ou a mastigar lentamente folhas de eucalipto. Mas durante uns escassos minutos – em média, apenas 10 num total de 1.440 por dia – estes marsupiais descem ao chão. E é nesse breve momento que enfrentam o maior risco de morte.

Um novo estudo, apresentado esta semana na Conferência Anual da Sociedade de Biologia Experimental, revela que dois terços de todas as mortes de coalas registadas ocorrem durante estas curtas deslocações terrestres, devido sobretudo a atropelamentos e ataques de cães.

“Apesar de os coalas viverem quase exclusivamente nas árvores, a crescente destruição do seu habitat obriga-os a deslocar-se pelo solo, colocando-os em perigo”, explica Gabriella Sparkes, investigadora da Universidade de Queensland e principal autora do estudo.

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Para entender exactamente o que acontece durante esses momentos críticos, a equipa de investigação equipou coalas selvagens com colares de GPS e acelerómetros de seis eixos, capazes de distinguir movimentos como caminhar, escalar ou parar. Durante a maior parte do tempo, o GPS registava a localização a cada cinco minutos; no entanto, sempre que o animal tocava o solo, esse intervalo reduzia-se para cinco segundos.

“O resultado é um retrato extremamente detalhado do comportamento destes animais quando estão em maior risco”, diz Gabriella Sparkes.

O que surpreendeu a equipa foi a escassa frequência com que os coalas descem das árvores: apenas duas a três vezes por noite, num total médio de apenas 10 minutos – ou seja, menos de 1% do dia. Quando estão no solo, movem-se devagar e com longas pausas, o que os torna ainda mais vulneráveis a ameaças.

Com base nestes dados, os investigadores pretendem agora identificar quais as condições ambientais que encorajam os coalas a permanecerem mais tempo nas árvores. Isto poderá incluir o tipo de árvore, a densidade das copas ou a disposição das paisagens.

“Se descobrirmos que certas espécies arbóreas ou formatos de copa reduzem a necessidade de os coalas se deslocarem no chão, poderemos projetar habitats que evitem essas travessias perigosas”, sublinha.

Medidas como o plantio de árvores específicas, o fecho de clareiras nas copas ou a criação de corredores verdes seguros entre árvores poderão salvar muitos indivíduos desta espécie, já declarada como ameaçada em várias regiões da Austrália.

“Este trabalho não resolve tudo, mas é uma peça vital do puzzle para compreendermos melhor a forma como os coalas interagem com paisagens fragmentadas e cada vez mais moldadas pela atividade humana”, conclui a investigadora.

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