O apartamento de Alcochete onde uma mulher de 62 anos foi encontrada morta em junho permanece sem limpeza, obrigando os vizinhos a conviver com um cheiro nauseabundo que se espalha pelo prédio.
No dia 16 de junho, bombeiros tiveram de arrombar a porta do apartamento para retirar o cadáver da proprietária. Desde então, a porta foi substituída por uma lona, que não impede a propagação do odor.
Os moradores estão revoltados e denunciam o que consideram um crime de saúde pública. Uma vizinha disse ao Investigação CM temer ainda que a habitação seja ocupada ilegalmente.
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Segundo informações, o Ministério Público abriu um processo para localizar familiares da mulher, tendo identificado a mãe da vítima, que vive num lar devido a demência.
A Câmara Municipal de Alcochete foi acusada pelos moradores de não agir. Contactado pelo Investigação CM, o presidente da autarquia, Fernando Pinto, afirmou conhecer o caso e disse estar disponível para ajudar, mas declarou não ter autorização para entrar no apartamento. Uma empresa de limpeza foi contactada, mas recusou-se a intervir sem ordem judicial.
O advogado Pedro Proença esclareceu, no entanto, que a Câmara possui mecanismos legais que permitem agir mesmo sem ordem judicial, e que medidas podem ser tomadas para resolver a situação.
O psicólogo Paulo Sargento considera este caso um reflexo do isolamento social. “Além de viver completamente sozinha, a mulher era acumuladora, o que a fazia evitar visitas”, explicou. O especialista alerta ainda para o impacto psicológico que a situação pode ter sobre os vizinhos e as crianças do prédio, recomendando acompanhamento psicológico para os afetados.
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