A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) esclareceu hoje que a alimentação artificial de areia do troço costeiro a sul da Figueira da Foz (Cova – Gala – Costa de Lavos) é uma boa solução para mitigar a erosão costeira.
“Esta intervenção constitui uma solução de transposição sedimentar, assente nas melhores práticas ambientais baseadas na natureza, com o objetivo de repor, de forma localizada e parcial, o balanço sedimentar deste troço litoral”, salientou aquele organismo, em comunicado, um dia depois do movimento cívico SOS Cabedelo denunciar que não avança o ‘bypass’ de areias da Figueira da Foz para combater a erosão costeira.
Segundo a nota, a construção do ‘bypass’ implica a implementação de infraestruturas permanentes, “que resulta em impactes paisagísticos significativos e de caráter duradouro”, além de ter um custo que, em 30 anos, a preços atuais, ultrapassa os 70 milhões de euros.
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A APA salientou que, no “Estudo de Viabilidade da Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz” (elaborado pela Universidade de Aveiro/R5 2021) foram avaliadas, sob os pontos de vista técnico-científico, económico e de custo-benefício, várias alternativas para a transposição artificial de sedimentos, incluindo a que está agora a ser implementada.
“Em qualquer uma das soluções avaliadas, mantém-se a necessidade de dragagem do canal de navegação (embora com menores volumes de dragagem), a cargo das autoridades portuárias competentes, de forma a garantir as condições de segurança e navegabilidade na barra”, refere o comunicado.
De acordo com o organismo público, a areia reposta nas praias a sul da barra da Figueira da Foz tem a mesma origem, independentemente de se recorrer a um sistema mecânico fixo ou à alimentação artificial.
“A forma como a praia reage à erosão e perde areia é a mesma, qualquer que seja a solução adotada”, vincou a APA, salientando que a alimentação artificial de praias é atualmente considerada em Portugal continental como uma das mais importantes medidas de proteção/defesa costeira para mitigação da erosão costeira.
Acrescentou ainda que, além de fornecer proteção a parcelas valiosas do território do ponto de vista ambiental e estratégico, estas intervenções “permitem ainda preservar o estado natural da praia, potenciando as suas capacidades recreativas e balneares”.
A estratégia em curso no litoral sul da Figueira da Foz, que é a maior alimentação artificial alguma vez realizada em Portugal (cerca de 3,3 milhões de metros cúbicos de sedimentos), cuja longevidade estimada através da modelação numérica situa-se entre cinco a sete anos, “abarca diferentes horizontes temporais (curto, médio e longo prazo), e considera de forma explícita as especificidades locais relacionadas com o desempenho e longevidade das intervenções, no qual se insere a presente alimentação artificial”.
Na quarta-feira, o movimento cívico SOS Cabedelo lamentou que a construção do ‘bypass’ de areias da Figueira da Foz, para combater a erosão costeira, não vá avançar, apesar de “o projeto estar inscrito no Orçamento do Estado e ter verba cabimentada”.
“Lamentamos constatar que este projeto inscrito no Orçamento do Estado deste ano, por proposta do Governo, não seja para avançar. Sem o ‘bypass’, vamos voltar a perder a areia depositada nas praias do sul e a segurança da navegação na barra”, evidenciou Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo.
A preocupação do movimento cívico SOS Cabedelo surgiu depois de ter tido conhecimento do conteúdo de uma carta proveniente do gabinete da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, em resposta a uma pergunta do Partido Livre.
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