Saúde

Ao consumir esta bebida está a aumentar a sua fome

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 4 horas atrás em 15-05-2025

À primeira vista, parece simples: sente fome, come, e o problema está resolvido. No entanto, a realidade é mais complexa. Muitas pessoas reconhecem a sensação de continuar com fome pouco tempo após uma refeição aparentemente suficiente — e um novo estudo científico aponta o dedo a um possível culpado inesperado: os adoçantes não calóricos.

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Publicado na revista Nature Metabolism, o estudo revela que estes substitutos do açúcar, amplamente utilizados em refrigerantes “light” e “zero”, podem interferir nos mecanismos cerebrais que regulam a fome e a saciedade. A investigação, liderada pela médica e investigadora Kathleen Page, indica que bebidas com adoçantes como aspartame, sucralose, estévia ou eritritol confundem o cérebro, fazendo com que o organismo “espere” calorias que nunca chegam — o que, por sua vez, pode estimular o apetite.

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“O cérebro antecipa uma entrada calórica quando se consome algo doce. Quando essa energia não é recebida, ele ativa mecanismos para procurar calorias de outras fontes”, explica Nicholas Pennings, especialista em obesidade. O resultado? Uma maior propensão a comer em excesso.

O estudo também demonstrou que os efeitos dos adoçantes não calóricos são mais acentuados em mulheres e pessoas com obesidade. Nestes grupos, a resposta no hipotálamo — área do cérebro que controla a fome — foi significativamente mais intensa. Segundo Kathleen Page, não se sabe ainda se esta reação exagerada é causa ou consequência da obesidade, pode ler-se no HuffPost.

Já o Hector Perez, cirurgião bariátrico, alerta que o impacto destes adoçantes é mais profundo do que aparenta: “Quando se trata de obesidade, não estamos apenas a falar de peso. O cérebro de uma pessoa com excesso de peso responde de forma diferente aos estímulos alimentares.”

Para quem luta contra a vontade constante de comer ou procura estratégias para controlar melhor o apetite, os especialistas aconselham reduzir — ou eliminar — o consumo de refrigerantes dietéticos e outros produtos com adoçantes artificiais. De acordo com Pennings, mesmo os substitutos do açúcar devem ser usados com cautela, pois podem incentivar um comportamento alimentar compensatório que dificulta a perda de peso.

Outros factores também podem contribuir para a sensação constante de fome. A desidratação, por exemplo, pode ser confundida com apetite, uma vez que os sinais de sede e fome se sobrepõem. A falta de nutrientes saciantes — como proteínas, fibras, gorduras saudáveis e hidratos de carbono complexos — é outro motivo comum.

Há ainda o impacto do estilo de vida: noites mal dormidas, níveis elevados de stress ou o hábito de comer distraído (frente à televisão ou ao computador) interferem na capacidade de reconhecer a saciedade, podendo levar ao consumo excessivo de alimentos.

A recomendação dos especialistas é clara: dar mais atenção ao que se come, comer devagar, estar atento aos sinais do corpo e garantir uma alimentação equilibrada. Em casos persistentes, pode ser aconselhável consultar um médico para descartar causas clínicas ou efeitos secundários de medicamentos.

Num mundo ideal, o cérebro seria um guia fiável para saber quando temos fome. Mas na prática, factores externos — e até o que bebemos — podem baralhar esse sistema. Reduzir o consumo de bebidas com adoçantes artificiais pode ser um bom primeiro passo para recuperar o controlo.

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