António Simões, que em 2005 foi candidato do PS à Presidência da Câmara Municipal de Miranda do Corvo, decidiu suspender a sua militância no Partido Socialista.
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Militante socialista desde 2015, António Simões afirma que “sai” do partido porque está “desiludido com o que se tem passado nos últimos anos no meu concelho” e acusa os seus camaradas da autarquia local de o impedirem de trabalhar como engenheiro.
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Veja a carta:
Caro Secretário-geral do PS,
Caro Presidente da Federação do PS, Coimbra
Caros camaradas,
Meus amigos,
Conterrâneos
Miranda do Corvo, 25 de Abril de 2017
Há momentos na vida em que temos de assumir as nossas responsabilidades e as nossas opções.
Desde há muitos anos que sou militante do PS no concelho de Miranda do Corvo.
Fui como independente deputado municipal nas listas do PS.
Fui como independente candidato pelo Partido Socialista à Câmara Municipal no ano de 2005.
Na sequência das autárquicas de 2005 aderi ao PS como seu militante.
Agradeço ao PS, a forma como fui tratado por muitos dos seus dirigentes sem esquecer Fausto Correia, que me acolheu enquanto socialista, um Partido que sempre defendeu o socialismo democrático, ao qual aderi por comungar muito dos seus valores.
Sou um Mirandense atento e confesso sentir-me desiludido com o que se tem passado nos últimos anos no meu concelho. Olho os concelhos envolventes e constato vida política ativa, observo ação e obras, numa palavra sente-se o desenvolvimento e em contraponto no meu concelho tudo é lento, muito lento, nem obras, nem proximidade aos cidadãos mirandenses, nem diálogo, bem pelo contrário criam-se dificuldades sobre dificuldades ao ponto de nos sentirmos desmotivados e até perseguidos.
Um exemplo simples entre muitos outros exemplos, o meu, que sou inscrito como técnico, Engenheiro Civil, na Câmara Municipal de Miranda desde o ano de 1977 e, na sequência de uma alteração legislativa, em que a Câmara para o caso tem de se pronunciar, vi inexplicavelmente interrompida a minha inscrição desde o ano de 2016 porque a Câmara não se pronuncia sobre uma certidão da Ordem dos Engenheiros, que entreguei para renovação da inscrição. Comportamento diferente tiveram muitas Câmaras ao longo do País, como as Câmaras Municipais de Coimbra, Lousã, Condeixa, Penacova, entre outras, que em nada obstaram à renovação do registo de técnicos.
Tenho profissão e preciso de trabalhar, não fico indiferente ao atropelo do direito mais elementar como é o direito ao trabalho, ao exercício da minha profissão, ainda por cima, numa atitude de arrogância patética e de um poder personalizado, insensível, autista, no desprezo pelos direitos mais elementares dos cidadãos.
Bem sei que os Tribunais são o espaço adequado para dirimir conflitos desta natureza. Não vou por aí, antes prefiro um outo caminho, que futuramente beneficie todos os meus conterrâneos.
Basta!
Quebro o silêncio com dor, penso até que poderei estar a fazer um favor a uns tantos militantes do PS que fazem da política um labirinto sem fim em vez do confronto de ideias e projetos, na procura de uma melhor qualidade de vida dos cidadãos. A solidariedade devida enquanto militante socialista não é uma via de sentido único. Quero por estes e outros motivos, de novo ser independente e continuar a defender os valores que desde sempre defendi.
Sei que com esta atitude surpreendo muitos dos meus amigos e companheiros de luta, alguns ficarão até incrédulos, mas estou certo que muitos outros não deixarão de registar a atitude corajosa. Cada um tem de agir segundo a sua própria consciência. E a minha neste momento por fidelidade aos meus princípios e valores impõem que suspenda a minha militância no Partido Socialista, para romper com uma atitude arrogante e de endémica anemia política em Miranda do Corvo.
Em face do exposto solicito nos termos estatutários a minha suspensão de militante do PS.
A todos, os meus cumprimentos.
António Manuel Fernandes Simões
Militante nº 90337PUBLICIDADE
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