Política

António Costa afirma sentir-se magoado por ter sido envolvido no inquérito mas está confiante de que sairá ilibado

Notícias de Coimbra com Lusa | 5 meses atrás em 11-12-2023

O primeiro-ministro afirmou hoje estar magoado pela forma como foi envolvido num inquérito judicial, manifestou-se confiante de que sairá ilibado e questionou se outros responsáveis manteriam agora as decisões que tomaram.

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Estas alusões ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e à Procuradora Geral da República, Lucília Gago, foram transmitidas por António Costa em declarações à CNN Portugal, na residência oficial de São Bento, em Lisboa, antes de participar no debate parlamentar que antecede a próxima cimeira europeia.

De acordo com António Costa, a inclusão de um parágrafo no comunicado do gabinete de imprensa da Procuradoria Geral da República a especificar que o primeiro-ministro estava a ser alvo de inquérito junto do Supremo Tribunal de Justiça, “foi determinante” para ter pedido a sua demissão no dia 07 de novembro.

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“Quem exerce as funções de primeiro-ministro não pode estar sob uma suspeita oficial. Já muitas vezes me perguntam: então e se não tivesse havido esse parágrafo? Bom, eu estava a ponderar. Eu tinha pedido ao senhor Presidente da República já nessa manhã uma reunião às 09:30 da manhã, iria ponderar”, declarou António Costa.

Se não tivesse existido esse tal paragrafo, o líder do executivo admitiu que, “provavelmente, aguardaria pela conclusão da avaliação pelo juiz de instrução dos indícios que existiam”.

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“Agora, perante um comunicado onde uma pessoa, que não é uma pessoa qualquer, é a procuradora-geral da República, entende comunicar oficialmente ao país e ao mundo que, além de tudo mais, foi aberto um processo contra o primeiro-ministro, tenho um dever que transcende a minha dimensão pessoal. Há uma dimensão institucional na função de primeiro-ministro”, justificou.

Nesse sentido, António Costa reiterou que hoje teria feito exatamente o mesmo, optando pela demissão. A seguir, sugeriu que a mesma pergunta seja feita à procuradora-geral da República e a Marcelo Rebelo de Sousa.

“O que se pode é perguntar a quem fez o comunicado, a quem tomou a decisão posterior de dissolver a Assembleia da República, se fariam o mesmo perante aquilo que sabem hoje”, disse.

Interrogado se está zangado pela forma como foi envolvido nesse processo judicial, o primeiro-ministro respondeu não estar zangado, mas assinalou: “Se me perguntam se estou magoado, estou”.

“Quem não se sente não é filho de boa gente. Nunca ninguém pôs em causa a minha integridade, a minha honestidade. Ninguém ao fim de uma vida inteira gosta de ser colocado nesta posição”, afirmou.

A seguir, invocou para si “uma vantagem grande” neste tipo de situações.

“Se há convicção muito firme que tenho é no sistema de justiça, que é muito original, que não tem paralelo, mas onde os cidadãos podem ter a garantia e uma confiança: é que ninguém está acima da lei. Se me perguntam se eu acho normal que seja publicitada, sem que sejam praticados atos idoneidade de uma pessoa, é algo que a justiça deve refletir. Não tenho dúvidas qual é o final da história. Sei que não tive nenhum benefício, nenhum benefício indevido, para além do salário que me é pago”, frisou.

Nas declarações que fez à CNN/Portugal, o líder do executivo disse várias vezes estar magoado, mas recusou estar rancoroso.

“E como sou otimista, irritante ou não, estou muito confiante. A razão pela qual eu tenho uma confiança profunda no nosso sistema de justiça é que este ou aquele pode errar, nesta ou naquela fase do processo as coisas podem não ser as que acho que deviam ser, mas há uma coisa sobre a qual eu não tenho dúvidas: no final, o sistema atua corretamente”, sustentou.

Neste contexto, referiu-se aos processos de que foram alvo os seus antigos ministros da Defesa Azeredo Lopes e da Administração Interna Eduardo Cabrita.

“Há duas pessoas de que eu me lembro sempre muito, que foram as únicas duas pessoas do meu Governo que saíram por problemas judiciais e que já viram o seu processo chegar ao fim. Uma é o professor Azeredo Lopes, a quem andaram a enxovalhar com o assalto ao quartel de Tancos, foi absolvido completamente”, indicou.

Já em relação a Eduardo Cabrita, o primeiro-ministro apontou que “até de homicídio foi acusado”.

“Deve ter sido no mundo o único passageiro que ia no banco de trás que foi acusado de condução perigosa e de homicídio por atropelamento. E foi absolvido”, acrescentou.

 

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