Mundo

Amnistia Internacional Portugal critica repressão do Governo cubano a quem pede pão

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 14-07-2021

O presidente da Amnistia Internacional Portugal, Pedro Neto, criticou hoje a repressão que as autoridades cubanas estão a exercer desde domingo sobre cidadãos que “só estão a pedir pão” e “meios económicos para viver com dignidade”.

PUBLICIDADE

Em declarações à agência Lusa, Pedro Neto lamentou que o Governo cubano não tenha criado condições para que a população se possa manifestar livremente, para dizer o que pensa, até porque os protestos são precisamente contra a forma como o executivo de Havana está a ferir a situação.

“Neste caso concreto, o Governo tem de criar condições para que as pessoas se possam manifestar livremente, dizer o que pensam, acolher até os motivos da manifestação, porque ela é dirigida ao Governo. O que as pessoas estão a pedir é pão, são meios económicos para poderem viver a sua vida com dignidade”, sublinhou.

PUBLICIDADE

“O que não devia ter acontecido e está a acontecer é esta repressão, de força, contra pessoas que se estão a manifestar e a cumprir um direito humano. Ao invés de ouvir e de acolher, o Governo está a reprimir e isso é um problema, independentemente de todas as causas que estão para trás”, acrescentou.

Admitindo que o bloqueio e as sanções impostas pelos Estados Unidos há quase seis décadas também influenciam, Pedro Neto referiu, porém, que isso não justifica tudo.

PUBLICIDADE

publicidade

“O Governo também sacode responsabilidades, fala do bloqueio norte-americano. Mas as origens da pobreza em Cuba são muitas e variadas e creio que, destes atores, nacionais e internacionais, nenhum está livre de responsabilidades”, sustentou.

“Agora, o que interessa é, em primeiro lugar, respeitar o direito à manifestação e, depois, juntos, população, Governo e até instituições internacionais, trabalharem para que estes problemas que estão na causa das manifestações – a covid-19 e a pobreza endémica –, possam ser resolvidos quanto antes”, defendeu Pedro Neto.

Segundo as informações de que dispõe através da responsável da organização internacional de defesa e promoção dos direitos humanos para as América, o presidente da AI Portugal lembrou que os protestos são generalizados em todo a ilha, em que são vários os grupos “espontâneos”, apoiados em comunidades da igreja e de outros setores sociais.

“Vão desde pessoas muito simples até grupos mais organizados. Manifestam-se contra a escassez de vacinas, pelo estado da pandemia, e também pela crise de alimentos, de medicamentos. Com uma nova liderança no país, as pessoas acreditaram que haveria maior liberdade de expressão e por isso é que vieram para a rua e pedem pão, o básico, e condições para poderem viver”, referiu.

“O que há a lamentar é a resposta do Governo, que está a demonizar os manifestantes, a acusá-los de delinquentes, de pertencerem a grupos organizados para combaterem a ‘revolução’, e de serem elementos antissociais. Nada disso é verdade.

São pessoas que estão a fazer valer o seu direito humano à manifestação e ao protesto de forma pacífica. O Governo, em vez de acolher as preocupações do povo que dizem querer governar, e governam, o que está a fazer é reprimir as pessoas”, insistiu Pedro Neto.

Hoje, as ruas de Havana estavam calmas, mas a presença policial e militar foi reforçada junto ao Capitólio, sede do parlamento cubano, constatou um jornalista da AFP.

Na zona onde domingo milhares de cubanos desfilaram aos gritos de “Liberdade”, “Temos fome” e “Abaixo a Ditadura”, estavam hoje estacionados vários camiões da polícia.

Na terça-feira houve novos apelos para manifestações perto do Capitólio.

Um homem morreu e mais de uma centena de pessoas foram detidas durante as manifestações de domingo e segunda-feira em Cuba contra o governo comunista, que nega uma “explosão social”.

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE