Saúde

Ameaça escondida no nosso corpo pode levar 80% das vítimas à morte

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 hora atrás em 24-11-2025

O aneurisma da aorta abdominal (AAA), uma dilatação irreversível da principal artéria do organismo, é uma condição mais comum do que muitos imaginam e uma das mais perigosas quando não detetada a tempo. O termo “aneurisma”, de origem grega, significa precisamente “dilatação” e descreve o aumento anormal e permanente do diâmetro arterial, geralmente acompanhado de uma tumefação pulsátil.

O AAA é definido quando a aorta abdominal infrarrenal atinge um diâmetro superior a três centímetros. A sua causa mais frequente é a aterosclerose, que provoca fragilidade da parede arterial, especialmente da túnica média. Esta fraqueza leva à formação de dilatações focais, mais comuns na aorta, mas também possíveis nas artérias poplíteas e subclávias, descreve a CUF.

A condição é mais comum em homens, particularmente acima dos 65 anos, e em pessoas com doença coronária, doença arterial periférica ou antecedentes de aneurismas noutros locais. Com o envelhecimento da população, estima-se que possam surgir cerca de 500 novos casos por ano em Portugal, caso a prevalência siga a tendência europeia.

PUBLICIDADE

A gravidade clínica do aneurisma reside no seu caráter progressivo: uma vez iniciado, tende a aumentar, podendo culminar na rutura — uma emergência médica quase sempre fatal se não tratada de imediato. As estatísticas apontam para uma mortalidade que pode atingir 80%, um valor que contrasta com o risco cirúrgico reduzido (inferior a 4%) quando tratado programadamente.

A maioria dos aneurismas é assintomática. Muitos doentes desconhecem totalmente a sua existência até serem detetados em exames de rotina. Cerca de um terço dos casos só dá sinais no momento mais grave: a rutura.

A dor abdominal ou lombar — espontânea ou à palpação — pode ser um sinal de alerta, indicando expansão acelerada ou fissuração da parede arterial. Há casos em que o aneurisma provoca embolizações, levando à isquemia de membros inferiores.

A ecografia abdominal é o exame de primeira linha, simples e eficaz para o rastreio. Quando existe suspeita ou confirmação, outros exames complementares, como tomografia computorizada, ressonância magnética ou angiograma, são essenciais para definir dimensão, localização e estratégia terapêutica.

A abordagem tradicional consiste na substituição da área afetada por um enxerto arterial, procedimento com resultados duradouros. Nos últimos anos, o desenvolvimento de endoenxertos, colocados através de cateterismo arterial com incisões mínimas, veio oferecer uma alternativa menos invasiva, com tempos de recuperação menores e resultados comparáveis em cinco anos.

A escolha entre cirurgia aberta e reparação endovascular depende da morfologia do aneurisma, das condições clínicas do doente e da avaliação da equipa médica.

Para reduzir o risco de aneurismas, recomenda-se:

  • dieta equilibrada e pobre em gorduras saturadas
  • prática regular de exercício
  • abandono do tabagismo
  • controlo rigoroso da tensão arterial, colesterol e diabetes
  • vigilância médica regular, sobretudo após os 60 anos

O diagnóstico precoce, aliado à crescente eficácia das técnicas cirúrgicas, é a chave para reduzir a mortalidade associada a uma doença tão silenciosa quanto letal.

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE