Coimbra

Ambulâncias em marcha de emergência “bloqueadas” no caos dos HUC

Susana Brás | 2 horas atrás em 10-12-2025

Cada segundo devia contar. Cada metro devia abrir-se como um corredor de esperança. Mas nas manhãs que conduzem aos Hospitais da Universidade de Coimbra, a realidade escreve uma história bem diferente — e profundamente inquietante.

Naquelas filas compactas, onde os carros se acumulam como se o mundo terminasse na próxima rotunda, uma ambulância em marcha de emergência transforma-se num gigante encurralado, uma força vital travada pelo asfalto congestionado.

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A sirene ecoa, pede passagem, suplica por espaço… mas o trânsito simplesmente não tem para onde se desmontar.

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Próximo da Rotunda da Fucoli, o caos instala-se cedo. E quando a viatura de socorro se aproxima, os condutores querem ajudar — vê-se nos gestos, vê-se nos olhares aflitos pelo retrovisor — mas como abrir caminho quando não há um único centímetro que permita mover o carro?

O cenário torna-se ainda mais angustiante na Rotunda da Praceta Prof. Mota Pinto, onde as obras transformaram a zona num labirinto com tapumes e curvas apertadas. É um funil que não perdoa urgências. O tipo de lugar onde até a luz azul da ambulância parece perder força, sufocada pelo emaranhado de veículos imóveis.

E ali dentro, naquela ambulância, alguém espera.
Espera que o trânsito abra.
Espera que a vida não dependa de mais um minuto parado.

O NDC acompanhou tudo na manhã desta quarta-feira, 10 de dezembro, e o que encontrou foi isto: a vida suspensa num corredor que não existe. Condutores impotentes, trânsito bloqueado, ambulâncias que não podem falhar — mas que o trânsito, todos os dias, insiste em impedir.

Apesar da pouca afluência às urgências, apenas duas ambulâncias estavam neste serviço.

Refira-se que por volta das 8:20, parques lotados, condutores a fazerem manobras de geógrafo experiente à procura de um buraco, um cantinho, um milagre onde deixar o carro, e uma fila de veículos que já serpenteia, naquele clássico pára-arranca que faz qualquer um reconsiderar a carreira e ponderar se não devia mesmo era ter ido viver para o campo.

Há funcionários que já descobriram o truque — ou melhor, o “modo sobrevivência”: chegar às 7:00. Porque, segundo relatos no terreno, a partir das 7:15 conseguir um lugar de estacionamento equivale a encontrar uma agulha num palheiro… só que o palheiro está em chamas e a agulha está em movimento.

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