Alunos sem aulas ou testes feitos em corredores por falta de rede nas escolas foram algumas das falhas detetadas pela Fenprof na primeira semana das provas ModA em que a greve docente inviabilizou a realização muitas provas.
Em 30% das escolas do 1.º ciclo, a greve de professores impediu a aplicação das Provas de Monitorização das Aprendizagens (ModA), segundo um levantamento feito pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof) junto de 175 escolas, das quais 114 são do 1.º ciclo e as restantes do 2.º ciclo.
Segundo a Fenprof, a falta de condições também obrigou muitos agrupamentos a reagendar ou emitir novas convocatórias para que os alunos do 4.º e 6.º anos pudessem voltar a realizar a prova.
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Entre os problemas detetados, a federação apontou “códigos de acesso inválidos, computadores inoperacionais e falhas de rede”, mas também “situações extremas” em que as provas tiveram de ser feitas “em corredores por inexistência de rede nas salas de aula”.
Hoje, a Fenprof denunciou também o que considera ser uma “discriminação inaceitável”: “Particularmente grave é a falta de adaptações para os alunos com necessidades específicas”, acusou, apontando os casos dos alunos com dislexia que não tiveram acesso a ferramentas essenciais, como o destaque de assuntos, sublinhados ou anotações adaptadas.
Nos “guias de apoio das Provas ModA não está prevista qualquer tolerância regulamentar para estes alunos, revelando uma falha inaceitável em termos de justiça e inclusão”, acrescentou em comunicado enviado para as redações.
Uma em cada três escolas (32,5%) teve de suspender as aulas e outras atividades para realizar as provas, segundo o levantamento da Fenprof que denunciou alegadas irregularidades cometidas pelas escolas para tentar reduzir os impactos da greve de professores.
A realização de “convocatórias massivas, sem distinguir entre vigilantes efetivos e suplentes e sem atribuição prévia de turma ou sala” foi um dos casos apontados.
No final da primeira semana de aplicação das provas ModA, a Fenprof fala ainda de professores mais sobrecarregados de trabalho e de provas aplicadas sem condições de igualdade.
A duração prevista das provas “não é respeitada”, os equipamentos “não funcionam” e “o sinal de rede é insuficiente”, enumeram ainda os docentes.
“As Provas ModA representam mais uma etapa neste caminho que conduz ao desgaste, ao cansaço e à perda de dignidade profissional. A greve às tarefas relacionadas com estas provas junta-se às que já constam de pré-avisos abrangendo o sobretrabalho, a componente não letiva de estabelecimento e o serviço extraordinário”, concluiu a Fenprof.
Perante este cenário, a Fenprof concluiu que estas provas representam mais trabalho para os professores, afetam o normal funcionamento das escolas “num momento crucial do ano” e revelam “falta de equidade na aplicação das provas”.
As provas ModA decorrem até 06 de junho, tendo a Fenprof convocado uma greve a todas as tarefas relacionadas com aquelas provas, designadamente às de secretariado, vigilância e classificação.
A meio da semana a Fenprof já tinha relatos de situações em que não tinha havido um reagendamento de provas com novas convocatórias devido à greve, que tinham pressionado os funcionários para que as provas fossem realizadas e até tinham sido “publicadas convocatórias massivas de professores, sem distinção entre vigilantes efetivos e suplentes nem prévia atribuição específica de turma ou sala por professor”.
No final da semana passada, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) anunciou ter atribuído aos 809 agrupamentos escolares e escolas não agrupadas 15,4 milhões de euros, dos quais 15,3 milhões para comprar ou reparar computadores, mas as escolas utilizaram apenas “8,32 milhões para a aquisição de computadores”.
Os resultados das provas ModA não têm implicações na classificação interna do aluno, na aprovação nas disciplinas nem na transição de ano.
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