Um novo sistema de monitorização da costa litoral, que combina câmaras de vídeo de alta resolução com tecnologia laser, foi instalado na Praia de Mira, ao abrigo de um acordo entre o município e a Universidade de Aveiro (UA).
O projeto resulta de um protocolo de desenvolvimento de soluções inovadoras para monitorização da linha de costa, com base em investigação científica, assinado em 2017 e hoje renovado, entre essa Câmara Municipal do noroeste do distrito de Coimbra e o Cesam – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da UA, anunciou a autarquia.
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Citado numa nota enviada à agência Lusa, o presidente da Câmara de Mira, Artur Fresco, considerou de grande importância a parceria com a Universidade de Aveiro: “O que pretendemos com esta parceria é garantir a proteção da costa e a segurança das pessoas. Por isso, a existência de protocolos e parcerias que otimizem recursos é fundamental”.
O novo sistema, que sucede a um outro instalado pelo Cesam há oito anos junto à lota da Praia de Mira, permite, segundo a Câmara, “uma análise mais precisa da morfologia costeira e da formação de agueiros. Este avanço tecnológico representa um importante passo na capacidade de resposta ao avanço do mar e na proteção das populações locais”.
A nova plataforma, cuja implementação tecnológica no terreno está a cargo da empresa R5 Marine Solutions, insere-se em projetos de investigação científica desenvolvidos pelo Cesam, “que visam apoiar estratégias de adaptação às alterações climáticas e orientar intervenções sustentáveis na orla costeira”.
Na nota, a Câmara Municipal frisou ainda que a iniciativa “afirma a Praia de Mira como caso exemplar de aplicação prática da ciência à gestão do litoral, através de uma colaboração modelo entre a autarquia, a academia e o setor tecnológico”.
Num vídeo hoje divulgado, produzido pelo Cesam, o investigador Paulo Baganha sustenta que a Praia de Mira “foi identificada já há mais de 10 anos como um ponto quente [hotspot, no original em inglês] de erosão costeira da zona Centro de Portugal”.
O especialista recordou que um protótipo de primeira geração para monitorização da zona norte daquela praia esteve em funcionamento até 2023, sucedendo-lhe o atual, “com câmaras de vídeo mais avançadas acopladas a um sistema de laser”.
“Toda esta dinâmica de interação com o município de Mira tem sido alimentada com vários projetos de investigação”, notou Paulo Baganha, explicando que a monitorização costeira com recurso a vídeo “vai permitir fornecer um serviço, em tempo real, de deteção automática da linha de costa” e também construir modelos da topografia da praia.
“Podemos visualizar a formação dos agueiros [uma forte corrente que se afasta da praia e pode pôr em perigo a segurança dos banhistas], podemos prevenir a erosão costeira, podemos estudá-la, como é que se forma, quais são os invernos mais agressivos e em que ponto da nossa costa. O que pretendemos sempre, com isto, é a segurança das pessoas”, referiu, por seu turno, o presidente da Câmara, Artur Fresco, também no vídeo de apresentação do novo sistema.
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