Região

Algumas marcas de vinho da Bairrada podem acabar com a alta velocidade

Notícias de Coimbra com Lusa | 4 meses atrás em 11-01-2024

 O presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada garante que o atual projeto de alta velocidade, que atravessa uma longa mancha de vinha da região, pode pôr em causa marcas que são o “carro chefe” de um grupo ou empresa de vinhos.

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“[O projeto de alta velocidade] pode ser determinante para que possam desaparecer marcas, marcas que temos que são dependentes da existência desta ou daquela vinha e que podem desaparecer por desaparecerem as condições de produção que existem”, disse à agência Lusa Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB).

Do traçado já definido (que reserva um corredor que será depois afinado), a linha de alta velocidade terá “um impacto muito grande” numa mancha praticamente contínua de vinha da Bairrada, que se estende “ao longo do concelho da Anadia, tocando também no concelho de Cantanhede e, ligeiramente, no concelho de Oliveira do Bairro”, notou.

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Para Pedro Soares, mais importante do que o impacto direto num número de hectares de vinha que possam vir a ser expropriados, os efeitos sentir-se-ão nos solos “que vão ficar mexidos” e na alteração da paisagem, quando a Bairrada tem apostado cada vez mais no enoturismo.

“Do ponto de vista ambiental, vamos estar a mexer em cursos de água, vamos alterar aquilo que é o ecossistema existente no solo e, por conseguinte, vamos estar a alterar as condições desse solo para a prática da vitivinicultura”, aclarou.

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Sem querer referir que marcas poderão ser afetadas, Pedro Soares explicou que “o valor criado à volta do vinho está relacionado com a narrativa e com a história que se pode contar à volta desse vinho”.

“Há marcas de vinho que são marcas relacionadas com a existência desta ou daquela propriedade e algumas podem ser afetadas direta ou indiretamente pela passagem da alta velocidade”, alertou.

Pedro Soares realçou que é também importante definir como serão ressarcidas empresas e produtores que podem ver ameaçadas propriedades assentes num trabalho “com mais de 80, 100 ou 120 anos” e marcas construídas que, vendo desaparecer uma determinada vinha, “podem também vir a desaparecer”.

“Se a vinha não existe, acabou a narrativa e acabou aquele vinho e aquela história”, constatou, salientando que essas propriedades pequenas são, por vezes, “a bandeira de uma região para o comércio e para o mundo” e “o carro chefe que ajuda a colocar valor nas restantes marcas” de uma determinada empresa.

Outra grande preocupação para a CVB centra-se na possibilidade de a alta velocidade poder afetar a paisagem característica da Bairrada e, por conseguinte, ter impactos na aposta feita no enoturismo. Pedro Soares disse ter conhecimento de um negócio “que caiu pela definição do traçado”.

A agência Lusa tentou obter declarações por parte da presidente da Câmara de Anadia, um dos municípios que mais criticou o traçado proposto para a alta velocidade, mas a autarca não se mostrou disponível para falar.

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