Coimbra

Aldeias da Figueira da Foz e Pombal estão contra centro de tratamento de resíduos

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 02-10-2018

 A população de mais de dez aldeias e lugares de duas freguesias da Figueira da Foz (Coimbra) e Pombal (Leiria) está contra a instalação de um Centro Integrado de Valorização de Resíduos (CIVR) e vai manifestar-se no domingo.

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Em causa está a instalação um CIVR num lugar conhecido como Canto das Rosas, na localidade de Sampaio (freguesia da Marinha das Ondas, no sul do concelho da Figueira da Foz), num terreno com uma área total de cerca de nove hectares, situado entre a linha ferroviária do Oeste e a estrada nacional 109, onde funcionou uma suinicultura.

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“Já chega de poluição, a Marinha das Ondas não pode ser a sanita do concelho. Temos duas celuloses, temos uma grande indústria agroalimentar com muitos aviários por aí espalhados, temos um aterro sanitário que foi altamente prejudicial, as águas à superfície aparecem cheias de borras e as pessoas não podem regar os campos, nem usar a água para os animais”, disse à agência Lusa Manuel Nada, presidente da junta de freguesia da Marinha das Ondas.

Manuel Nada fez recentemente uma intervenção na Assembleia Municipal da Figueira da Foz e promoveu uma assembleia de freguesia que reuniu cerca de 250 pessoas e na qual foi aprovado “por unanimidade” um manifesto contra a instalação do CIVR.

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Na sequência da aprovação do documento, as populações da Marinha das Ondas e de lugares da freguesia, como Sampaio, Matos, Praia da Leirosa e Gigante, entre outros, a que se junta a povoação de Alhais, Claras, Silveirinha Grande e Silveirinha Pequena, já na freguesia de Carriço, no norte do concelho de Pombal, estão a organizar um protesto, agendado para domingo, às 15:00, “porque alguém tem de fazer força para que isto [a instalação do CIVR] não vá para a frente”.

“E espero que venha muita gente à manifestação. Vamos fazer uma manifestação pacífica para mostrar o nosso desacordo, mas não vamos cortar estradas, porque não queremos prejudicar ninguém”, alegou.

Manuel Nada espera ainda ter o apoio do presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde (PS), por esta causa da população da Marinha das Ondas: “O senhor presidente de câmara é uma pessoa de bom senso, estou convencido de que vai analisar tudo isto e, mais cedo ou mais tarde, irá estar do nosso lado”, argumentou.

Também eleito pelo PS, o presidente da junta da Marinha das Ondas diz, no entanto, que não gostava que os protestos da população fossem partidarizados.

“Não queremos que haja política no meio, como não queremos que haja má educação [dos manifestantes]. Vamos convidar os deputados eleitos pelo círculo de Coimbra a virem cá, mas todos, sejam do PS ou do PSD”, argumentou.

“Nós não somos contra esta atividade, nem contra a empresa. O que não queremos é que estas unidades fiquem sempre no nosso quintal. Quando vieram instalar o aterro sanitário, venderam a ideia de que não fazia mal a ninguém, mas depois verificámos que era uma desgraça, agora vendem-nos isto como se fosse a melhor coisa do mundo”, frisou Manuel Nada.

Os populares, ligados à organização da manifestação, têm vindo a ironizar, na rede social Facebook, com a instalação, em redor da unidade, de “eucaliptos com cheiro a limão”, medida que consta do licenciamento ambiental em curso. E Manuel Nada disse ter tido uma reunião com a empresa, onde esta alegadamente se dispôs a instalar “duas torres que lançam perfume, por causa dos maus cheiros”.

“Será que pensam que somos otários? Que não sabemos o que é bom e o que não é”, questiona o presidente da junta.

A junta de freguesia da Marinha das Ondas está a promover um abaixo-assinado “já com mais de mil assinaturas” contra a instalação do CIVR, que será enviado à Câmara Municipal da Figueira da Foz, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro e Agência Portuguesa do Ambiente, no período de consulta pública do pedido de licenciamento da unidade de tratamento de resíduos, que decorre até dia 19.

Do lado de Pombal, o presidente da junta de freguesia de Carriço, Pedro Silva, eleito pelo PSD, manifesta-se “solidário” com a luta contra a instalação do Centro Integrado de Tratamento de Resíduos.

“Estamos em conjunto na indignação. Isto poderá afetar a parte mais a norte e a oeste da freguesia”, explicou Pedro Silva, que reside em Alhais, localidade de Pombal situada a sul do CIVR.

Pedro Silva reforçou que “ninguém está contra a empresa”, defendendo a instalação de unidades industriais nas freguesias, “mas fora dos aglomerados urbanos, não em cima das casas”.

A exemplo do seu congénere da Marinha das Ondas, o presidente da junta de Carriço espera uma manifestação “pacífica e pela positiva, sem desacatos”, e que o protesto “não olhe a cores partidárias”.

O autarca disse ainda esperar a solidariedade quer do presidente da Câmara de Pombal, Diogo Mateus (PSD), quer de João Ataíde, para com a luta das populações, evidenciando a “grande massa humana” que está contra o centro de tratamento de resíduos.

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