Região

“Aldeia mais bonita de Portugal” ainda luta para sobreviver aos incêndios depois de “noites sem dormir”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 36 minutos atrás em 21-08-2025

A freguesia de Teixeira, no concelho de Seia, na Associação Amigos de Teixeira, continua a sentir os efeitos devastadores dos incêndios que atingem a região.

Apesar de grande parte da área já ter sido consumida pelas chamas, ainda existem focos ativos e pontos quentes que mantêm a população em alerta.

José Reis, morador local, descreve os últimos dias: “Têm sido uns dias difíceis, complicados. Isto agora está a melhorar, mas também já está quase tudo, a maior parte já ardeu.” Segundo o residente, a preocupação atual recai sobre zonas próximas das casas.

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O fogo, que começou em Piódão, no concelho de Arganil, atravessou Oliveira do Hospital até chegar a Teixeira. “Em tempos, com a limpeza que havia na floresta, não pensávamos nisso. Com o decorrer do tempo e com a idade das pessoas a avançarem, as respostas diminuíram. Chegámos a um ponto em que a floresta tinha mais mato, mais pinhal, mais árvores e, claro, mais combustível para arder”, explica.

O impacto emocional e físico tem sido intenso. “Noites sem dormir”, afirma. Felizmente, casas de primeira habitação foram salvas graças ao esforço coletivo da comunidade e dos bombeiros.

Rogério Reis, outro habitante, lembra o momento em que o fogo se aproximou das casas: “Foi um verdadeiro inferno. Vimos aquela casa lá em baixo, até chegar lá acima foram cinco minutos. Durante a noite, as chamas estiveram mesmo encostadas à piscina. Com muito custo conseguimos apagá-las.”

A população uniu-se para conter os danos: “Andámos de um lado para o outro para que as chamas não atingissem a aldeia.” Apesar do esforço, ainda existem áreas em risco: “O sufoco ainda não passou, porque ainda há vários pontos quentes.”

Os moradores lamentam também a dificuldade de coordenação das equipas de proteção civil: “Vem o fogo ao pé e dizem que não podem apagar porque não têm ordens. É triste… quem sofre é quem tem as habitações em risco.”

Além do impacto imediato, os residentes refletem sobre o futuro da região: “A maior parte da população destas aldeias é velhota. Os jovens têm as suas vidas fora daqui. É um bocado complicado voltar a reconstruir muita coisa que os nossos pais reconstruíram com tanto sofrimento.”

Apesar da destruição, há resiliência: “Agora as casas estão no meio dos terrenos que serviam de arrumes, os palheiros onde se guardava o feno. Infelizmente hoje já não há gado. Conseguimos salvar pelo menos a aldeia.”

Teixeira, descrita pelos moradores como “a aldeia mais bonita de Portugal”, continua a viver em sobressalto, observando os focos de incêndio que ainda queimam a região, mas mantendo a esperança na regeneração da floresta e na reconstrução da comunidade.

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