Duas frentes de fogo em curso em Arganil, na freguesia de Benfeita, antecipam uma noite de preocupação para cerca de 200 pessoas na aldeia homónima e em alguns povoados mais pequenos, disse o presidente da junta.
“O fogo ainda não chegou à aldeia, mas com o decorrer da noite, provavelmente, entrará nas imediações. Vai ser uma noite de alerta e preocupação”, disse à Lusa, pelas 19:30, o autarca José Pinheiro.
O fogo chegou à freguesia da Benfeita na manhã de hoje, após ter cruzado a estrada nacional (EN 344) nas zonas das aldeias de Monte Frio – onde esteve instalado o posto de comando do incêndio de Arganil – e de Pardieiros, antes de entrar na Mata da Margaraça, cujo coberto vegetal central, denso e húmido, acabou por deter o incêndio naquela zona protegida, tal como já tinha sucedido em 2017.
PUBLICIDADE
José Pinheiro explicou que as chamas que queimaram toda a vegetação em redor da aldeia de Pardieiros, dirigiram-se, com a mudança do vento, para sul, em direção aos vales onde se situam as localidades de Enxudro e Sardal.
“E agora tem uma frente no alto da serra que vai afetar o Pai das Donas e Luadas”, adiantou, aludindo a um conjunto de povoações que ficam junto ao troço de Arganil do Rali de Portugal, zona bem conhecida dos fãs da modalidade.
Outra frente evolui a norte da Benfeita, junto às povoações de Dreia e Deflores, com bombeiros no local em manobras de contenção para salvaguardar as habitações.
O autarca acrescentou, por outro lado, que o fogo terá afetado, igualmente, a zona da cascata da Fraga da Pena, localizada a dois quilómetros, por uma estrada sinuosa, da aldeia da Benfeita.
“Ainda não conseguimos lá ir, porque as estradas aqui à volta estão intransitáveis, com restos de árvores e postes [de telecomunicações] caídos”, disse.
Questionado sobre se imaginava que o incêndio que deflagrou às 05:00 de quarta-feira, na freguesia do Piódão, chegasse 48 horas depois à sua freguesia – que fica a dez quilómetros em linha reta e a cerca de 25 quilómetros por estrada – José Pinheiro não se mostrou admirado.
“Tem muito a ver com os ventos, há muito tempo que estamos aqui castigados com os incêndios e prevenidos para o que poderia acontecer. Eu e o tesoureiro [da junta] andámos desde quarta-feira a tentar ajudar, já estávamos à espera de que isto acontecesse”, lamentou.
O incêndio que eclodiu na quarta-feira em Arganil estendeu-se, depois, concelhos de Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra, todos no distrito de Coimbra, mas também a Seia (Guarda) e à Covilhã (Castelo Branco), nas zonas de Sobral de São Miguel e São Jorge da Beira.
Pelas 21:45, de acordo com a página de internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, o incêndio de Arganil estava a ser combatido por 1.007 operacionais, apoiados por 339 viaturas.
PUBLICIDADE