A Airbus anunciou hoje a recolha de aproximadamente 6.000 aviões A320 para a substituição urgente do ‘software’ de controlo de voo, vulnerável à radiação solar, após um incidente no final de outubro nos Estados Unidos.
Em comunicado, a fabricante aeronáutica informou que solicitou a todas as companhias aéreas clientes que utilizam este ‘software’ que “suspendam imediatamente os seus voos” após a análise do incidente técnico.
A empresa reconheceu que “estas recomendações causarão interrupções operacionais para os passageiros e clientes”.
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“Pedimos desculpa pelo incómodo causado e trabalharemos em estreita colaboração com os operadores, mantendo a segurança como a nossa prioridade absoluta e primordial”, acrescentou.
O incidente ocorreu em 30 de outubro, num voo da JetBlue entre Cancún, no México, e Newark, perto de Nova Iorque, quando uma aeronave teve de realizar uma aterragem de emergência em Tampa, na Florida.
A análise do incidente “revelou que a intensa radiação solar pode corromper dados essenciais para o funcionamento dos controlos de voo”, informou a empresa europeia.
Para a maioria das aeronaves, a atualização do ‘software’ da versão anterior demorará “algumas horas”.
Mas, para cerca de mil aeronaves, implicará a troca do ‘hardware’ do computador, “o que levará semanas”, revelou à agência France-Presse (AFP) fonte ligada ao processo.
O incidente envolve um dispositivo – ELAC – Elevator Aileron Computer – fabricado pela Thales.
Este fornecedor da Airbus esclareceu à AFP que não era responsável pelo problema: “A funcionalidade em causa é suportada por um ‘software’ que não é da responsabilidade da Thales”, garantiu.
A Airbus não especificou qual a empresa que concebeu e atualiza este ‘software’.
O incidente ocorreu durante a fase de cruzeiro quando, sobre o Golfo do México, a aeronave se inclinou subitamente para baixo sem qualquer intervenção dos pilotos.
Os pilotos iniciaram a descida e aterraram a aeronave. Os bombeiros de Tampa relataram aos meios de comunicação norte-americanos que alguns passageiros ficaram feridos.
A JetBlue, contactada pela AFP para comentar o incidente, não respondeu, enquanto a companhia aérea rival American Airlines indicou que já tinha iniciado a atualização do seu ‘software’ de navegação depois de ter recebido hoje a notificação.
Também a rival norte-americana United Airlines afirmou que não foi afetada pelo defeito, sem adiantar mais pormenores, embora opere várias aeronaves A320.
A Iberia, parte do grupo IAG, confirmou hoje que está a trabalhar para realizar as “alterações necessárias” nas suas aeronaves A320 em segurança e garantiu que as operações de sábado não serão afetadas por esta situação.
Fontes da Iberia citadas pela agência Efe confirmaram que a Airbus notificou as companhias aéreas que operam o A320 sobre a necessidade de atualizar o ‘software’ de parte da frota, após detetar um incidente num programa de controlo de voo provocado pela exposição à luz solar.
A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) indicou em comunicado que foi informada da situação pela Airbus.
O Airbus A320, que entrou ao serviço em 1988, é a aeronave mais vendida no mundo. Em setembro, a Airbus destronou o Boeing 737, o jato de corredor único da fabricante norte-americano Boeing, cuja primeira unidade foi entregue em 1968.
No final de setembro, a Airbus tinha entregado 12.257 aviões A320 (incluindo versões de classe executiva), em comparação com 12.254 Boeing 737.
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