Agricultores e produtores florestais manifestam-se por novas candidaturas e apoios

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 02-02-2018

Duas centenas de agricultores e produtores florestais exigiram hoje, em Lisboa, apoios para a recuperação das suas propriedades afetadas pelos incêndios do ano passado na região Centro.

PUBLICIDADE

MANIF

“Estamos aqui a dar conta da nossa insatisfação com as ajudas que já foram definidas, estamos até indignados muitos de nós, centenas de agricultores e produtores florestais”, afirmou à Lusa João Dinis.

PUBLICIDADE

O representante da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que falava em frente ao Ministério da Agricultura, na Praça do Comércio, em Lisboa, exigiu um novo período de candidaturas para apoio financeiro aos agricultores afetados pelos incêndios e ajudas aos produtores florestais.

O protesto, organizado pelo Movimento Associativo de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), CNA e Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (Adaco), tem como objetivo que sejam alargados os prazos para os pedidos de diferentes ajudas do Estado aos cidadãos lesados pelos fogos de outubro passado.

PUBLICIDADE

publicidade

Segundo João Dinis, as duas centenas de manifestantes, “lesadas pelos incêndios de outubro”, deslocaram-se desde sete municípios da região Centro, para reclamarem pelos cortes de verbas “mesmo nas candidaturas até 5.000 euros”.

O também produtor florestal considerou que as “candidaturas do PDR [Programa de Desenvolvimento Rural] estão desadequadas” e reclamou “a abertura de um período especial para novas candidaturas” para os agricultores e ajudas aos produtores florestais e por perdas de rendimentos.

“A nossa região Centro, com os incêndios, sofreu queimaduras de primeiro grau, precisa ainda de cuidados intensivos, o senhor ministro da Agricultura tem que ter outra atitude, tem que ter outra compreensão”, salientou João Dinis.

A gestão direta pelo Ministério da Agricultura de parques de madeira queimada e apoios para a reconstrução de segunda habitação e casas de apoio agrícolas foram outras reivindicações.

Após uma reunião no ministério, Fernando Tavares Pereira, do MAAVIM, admitiu que não foi aceite qualquer das pretensões apresentadas e que os manifestantes saíram “muito desiludidos”.

O representante do movimento avisou que os agricultores e produtores florestais não são “portugueses de segunda ou de terceira” e desafiou o ministro Capoulas Santos para ir ao terreno ver as dificuldades das pessoas.

Para Fernando Tavares Pereira, depois dos milhões para indemnizar “os lesados do BES”, os agricultores vão deparar-se com um problema sério da obrigação de cortar “as matas junto às estradas”, quando “nem para comida têm dinheiro”.

Isménio Oliveira, da Adaco, adiantou que deram “um prazo de uma semana” ao ministério para responder ao caderno de reivindicações, embora reconhecendo que não está prevista a reabertura de candidaturas.

Entre os manifestantes, José Figueiredo explicou que ficou sem nada da sua atividade de resineiro, a maior parte no concelho de Oliveira do Hospital, e que só lhe querem “dar 3.000 euros”.

O agricultor disse que se deslocou a Lisboa, tal como as outras pessoas, para “reclamar a sua dor” e estimou os prejuízos provocados pelas chamas em “mais de 200.000 euros”.

Para Nazaré Monteiro, os incêndios foram uma “tragédia muito grande” e também se queixou que “estão a dar pouco dinheiro”, mas apesar disso anda a “plantar vinhas”, para ver se consegue recuperar o que perdeu nos próximos anos.

“Se calhar até já nem será para mim, mas para a família, talvez, para os que vierem depois”, desabafou.

Uma nota do gabinete do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural informou que “o Governo aprovou já apoios no montante superior a 58 milhões de euros, beneficiando 23.262 agricultores que sofreram prejuízos decorrentes dos incêndios”, acrescentando que deste montante “foram já pagos 45,5 milhões de euros”.

O restante, no valor de 12,5 milhões, será pago até final do mês e, até ao momento, foram identificadas pelas ações de controlo “cerca de 800 inconformidades, que correspondem a apenas 3,4% das candidaturas aprovadas”.

“Em análise estão ainda 957 candidaturas a apoios para prejuízos até 400 mil euros, a que correspondem apoios estimados em mais cerca de 25 milhões de euros, cuja aprovação previsivelmente deverá ocorrer até ao final do primeiro trimestre”, acrescentou o ministério.

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE