Coimbra

Agostinho Almeida Santos dá o nome ao auditório do iParque em Coimbra (com videos)

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 31-03-2022

É no edifício Leonardo Da Vinci que “a partir de hoje o auditório fica com o nome do outro ser humano que também foi um génio à sua maneira.” Agostinho Almeida Santos é o nome escolhido para a sala de conferências do iParque, em Coimbra, no mesmo dia em que foi anunciada a expansão das infraestruturas da segunda fase do parque tecnológico.

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Uma homenagem póstuma ao médico e “humanista de Coimbra” decorreu na tarde desta quinta feira para a atribuição do nome Agostinho Almeida Santos, por ter sido um dos impulsionadores do parque tecnológico de Coimbra, para além de um dos pioneiros mundiais dos tratamentos médicos de fertilidade e ainda um dos criadores do conceito “Coimbra Capital da Saúde”, nos anos 90.

Perante a filha, Teresa Almeida Santos, Jorge Castilho, jornalista e amigo do professor de Medicina, proferiu um discurso evocativo da pessoa e da carreira do catedrático da Universidade de Coimbra que morreu em 2018 e que esteve na génese da criação do Parque de Tecnologia de Ciências da Vida, hoje denominado iParque.

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Jorge Castilho sublinhou que a “família era o seu reduto e o seu orgulho maior” tendo tido “a família e a reprodução humana como foco principal da sua atividade científica”. Com os métodos pioneiros que criou “conseguiu que mais de dezassete mil casais com problemas de fertilidade viessem a ter filhos”.

O “invejável sentido de humor” de Almeida Santos foi também lembrado pelo amigo, ao citar a forma como este se referia à participação na guerra colonial afirmando ter sido “ginecologista dos fuzileiros navais em Moçambique”.

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“Pioneiro e um desbravador de caminhos” também nas tecnologias da saúde, o professor de medicina fez a “estreia de uma consulta de telemedicina entre Coimbra e a cidade de Santiago, em Cabo Verde. Essa memorável sessão foi testemunhada em Coimbra pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, e em Santiago o Presidente da República, Mascarenhas Monteiro.”

“Por Coimbra tinha uma paixão constante e indomável. embora muitas vezes não correspondida. A Agostinho Almeida Santos se deve em grande parte a aposta no conceito de Coimbra, cidade da saúde e muitos dos “investimentos daí decorrentes a nível público e privado.”

Entre estes, criou uma agência de desenvolvimento regional, a Coimbra Vita, de que foi presidente, englobando catorze municípios de “três distritos que rivalizavam tradicionalmente: Coimbra, Aveiro e Leiria”. Foi o mentor dos eventos Expovita, que demonstravam as potencialidades de Coimbra e da sua região relacionadas com a saúde e que começaram “numa tenda instalada na Praça da República.”

Jorge Castilho recordou ainda, na presença de Manuel Machado – que à data da génese do parque era presidente da Câmara de Coimbra -, que no Plano Diretor Municipal “estava assinalada uma pequena mancha na zona de Antanhol para um parque industrial”. 

Foi Agostinho Almeida Santos – conta o jornalista – que “foi falar com o padre da freguesia” para juntar os habitantes proprietários dos terrenos, no fim de um dia de trabalho, no salão paroquial. Não havia registo cadastral. Castilho avivou que foi o grupo de cientistas de Coimbra que promoveu o “levantamento topográfico aéreo para que o arquiteto Vasco Cunha pudesse começar a agilizar o projeto”.

Como “as coisas em Coimbra avançavam lentamente”, foram recebidos pelo presidente da Câmara de Cantanhede na época Jorge Catarino que “ficou entusiasmadíssimo com a ideia” e logo perguntou qual a área necessária afirmando que a “câmara oferecia os terrenos e as infra-estruturas”. 

Conta Jorge Castilho que à saída da reunião havia “um misto de entusiasmo mas também de frustração.”  Agostinho Almeida Santos tomou a iniciativa e sublinhou: “Não, isto é tentador, mas não. Tem de ser em Coimbra. Nós devemos isso a Coimbra. Temos de ser leais a Coimbra.”

“Jorge Catarino aproveitou a ideia e – relatou Jorge Castilho – “pouco tempo depois fez surgir em Cantanhede o Biocant, atraindo até algumas das instituições que já se tinham comprometido para vir para o iParque. Em Coimbra o parto foi mais difícil.”

O médico e professor catedrático de ginecologia, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), realizou, pela primeira vez, em Portugal, a técnica de procriação medicamente assistida, designada por GIFT (Transferência de Gâmetas para a Trompa), “método que propiciou o nascimento do primeiro bebé em Junho de 1988”, refere um resumo curricular de Agostinho Almeida Santos do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

Agostinho Almeida Santos fundou e dirigiu o programa de reprodução medicamente assistida, que funciona em Coimbra, desde 1985. Entre 2005 e 2007, foi o presidente do Conselho de Administração dos Hospitais da Universidade de Coimbra. 

Na vida académica, publicou 185 trabalhos científicos, proferiu mais de 400 palestras e foi o responsável pelas disciplinas de Obstetrícia e Ética, Deontologia e Direitos Médicos da FMUC.

Agostinho Almeida Santos foi designado cônsul honorário de Cabo Verde para a Região Centro, em 2009, depois de anos de trabalho de cooperação com este país africano, na área da medicina materno-infantil e na formação de internos em obstetrícia

Veja o video do Direto Notícias de Coimbra.

 

 

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