Crimes
Advogado de Fernando Valente acusa PJ de tortura e manipulação de provas

Imagem: Reprodução CMTV
O Ministério Público (MP) pediu hoje 25 anos de prisão para o homem acusado de matar uma mulher grávida da Murtosa que está desaparecida desde outubro de 2023.
Nas alegações finais, que decorreram esta manhã, 11 de junho, no Tribunal de Aveiro, a Procuradora da República disse que não subsistem dúvidas da existência de uma pluralidade de factos que permitem concluir que o arguido foi o autor da morte de Mónica Silva e do seu feto.
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A leitura da sentença do julgamento de Fernando Valente, acusado da morte de Mónica Silva, está marcada para 8 de julho, às 10:00.
Durante a audiência, Fernando Valente afirmou de forma breve que não sabe o que aconteceu com Mónica Silva e garantiu não ter-lhe feito nada. “A única coisa que vou dizer é que eu não sei o que se passou com Mónica, não lhe fiz nada”, declarou.
Entretanto, o advogado da família da vítima, António Falé de Carvalho, destacou que as testemunhas ouvidas no tribunal contradisseram a versão de Valente. Segundo a defesa, um pescador afirmou ter visto várias vezes a vítima e o arguido juntos, contrariando a alegação de que mantiveram relações apenas uma vez. “Para Mónica, a relação era mais do que sexual”, sublinhou.
O advogado também comentou sobre a gravidez de Mónica Silva e quem poderia ser o pai. “Infelizmente, ela não está cá para fazermos teste de ADN. Este senhor a partir de determinado momento soube que ela estava grávida e queria que isso fosse um segredo”, disse. António Falé de Carvalho ainda afirmou que, premeditado ou não, existia um plano para eliminar essa situação, e que esse plano terminou com a morte da vítima, pode ler-se no Correio da Manhã.
Para o advogado, é fundamental valorizar a prova indireta apresentada no julgamento. “Não tenho dúvidas de que foi aquele senhor que matou a Mónica. Houve muitas mentiras e omissões desde o início do processo, e a prova digital tem também uma importância brutal”.
Por sua vez, a procuradora do Ministério Público ressaltou a complexidade do caso, especialmente pela ausência do corpo da vítima e da prova pericial direta. “A prova nos autos permite alcançar a convicção de que a morte foi causada pelo arguido, que escondeu o cadáver e manipulou o telemóvel da vítima para ocultar mensagens”, afirmou.
A defesa de Fernando Valente, André Fontes, começou por dizer que “todo este processo gira à volta da prova indireta” e que não se pode “querer retirar de um facto desconhecido, um facto conhecido”.
O advogado disse que o homem que terá limpo a casa onde o MP acredita que Mónica Silva foi morta diz ter sido agredido por inspetores da PJ, acrescentando que houve crime de tortura. “Não houve limpeza nenhuma. É isto que temos de investigação em Portugal. A PJ foi a Cuba, porque houve a ativação de uma antena em Cuba”, disse André Fontes, advogado de Valente, acrescentando que isto foi “prova manipulada”. E pediu a absolvição total de Fernando Valente.
A magistrada destacou provas como a compra do telemóvel e do cartão SIM usados para comunicar com Mónica Silva, assim como imagens de videovigilância que mostram Fernando Valentea circular numa viatura Mercedes. Registos telefónicos confirmam ainda uma viagem que ambos terão feito até Torreira, assim como o desaparecimento de Mónica na noite de 3 de outubro, quando o filho ligou à avó a dizer que alguém havia ido buscar a mãe, e que nunca mais retornou.
O julgamento segue agora para a decisão final, marcada para 8 de julho, quando será anunciada a sentença sobre a acusação de homicídio contra Fernando Valente.
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