Investigadores das Universidades de Oviedo e Vigo demonstraram que o ADN é capaz de contar a história da sobrevivência de uma espécie e, utilizando amostras de indivíduos contemporâneos, conseguiram reconstruir com precisão a sua população passada.
Esta descoberta será muito útil para a análise e gestão de programas de conservação de populações de espécies ameaçadas ou em perigo de extinção, bem como para estudar os efeitos da sobre-exploração, destruição de habitats e alterações climáticas, destacou na quinta-feira a Universidade de Oviedo, citada pela agência Efe.
Os resultados do estudo serão, por isso, úteis para orientar os programas de conservação, gerir as populações selvagens ou exploradas e avaliar os efeitos da atividade humana e das alterações globais na viabilidade genética das espécies.
PUBLICIDADE
O estudo, liderado por Enrique Santiago, professor do Departamento de Biologia Funcional da Universidade de Oviedo, desenvolveu novas ferramentas computacionais que permitem revelar em detalhe a história demográfica recente das populações e o seu grau de ligação ou diferenciação com outras populações relacionadas.
Até agora, os métodos disponíveis eram apenas adequados para populações completamente isoladas, sem troca genética com outras — algo invulgar na natureza, exceto em casos excecionais, como populações em cativeiro ou em ilhas muito remotas, segundo os autores do estudo.
Para ultrapassar esta limitação, a equipa desenvolveu um novo modelo matemático que calcula o tamanho populacional efetivo contemporâneo de uma espécie e a sua estrutura, e outro que reconstrói o tamanho populacional histórico até há cerca de 150 gerações, com base na análise de ADN de indivíduos atuais.
De acordo com Santiago, as estimativas obtidas com estas ferramentas “são cruciais para determinar o estado de conservação das populações e espécies ameaçadas ou exploradas, e para elaborar estratégias de recuperação”.
Com esta nova abordagem, é possível obter estimativas de tamanho efetivo “muito mais precisas do que antes, proporcionando um apoio valioso para a conservação da biodiversidade”, acrescentou.
Armando Caballero, professor da Universidade de Vigo, explicou que o consenso entre a comunidade científica é que é necessário um tamanho mínimo efetivo de 500 indivíduos “para evitar a extinção por causas genéticas”, mas que hoje se sabe que muitas populações estão abaixo deste limite crítico.
A equipa validou as suas ferramentas através de simulações e com dados reais de diferentes espécies, incluindo orcas, gorilas, veados, cavalos, moscas-da-fruta e peixes de populações naturais (salmão) ou de viveiro, como o pregado, a dourada e o robalo.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE