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Acusações TVI: Presidente da ULS de Coimbra emite “esclarecimento a título particular”

Notícias de Coimbra | 3 horas atrás em 17-05-2025

Alexandre Lourenço, presidente da ULS Coimbra, está a ser visado pela TVI que o acusa viajar pelo mundo à custa da indústria farmacêutica enquanto continuava a ser pago pelo hospital de Coimbra.

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Hoje, em comunicação enviada a Notícia de Coimbra, declara que na sequência da reportagem emitida pela TVI, nos dias 15 e 16 de maio de 2025, entende ser seu dever pessoal emitir um esclarecimento a título particular.

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ESCLARECIMENTO 

Na sequência da reportagem emitida pela TVI nos passados dias 15 e 16 de maio de 2025, entendo ser meu dever pessoal esclarecer o seguinte: 

1. Total disponibilidade para esclarecimento de todas as questões 

Fui contactado, através do Serviço de Comunicação da ULS de Coimbra, no dia  24 de abril, com um pedido de entrevista sobre uma denúncia de negligência  médica, sem que fossem indicados quaisquer pormenores sobre o caso em  questão (“estamos a preparar uma reportagem a propósito de uma denúncia de  negligência médica que chegou à nossa redação. Nesse sentido solicitamos uma  entrevista com o Dr. Alexandre Lourenço na próxima segunda ou terça-feira”).  Após contacto telefónico do Serviço de Comunicação da ULS de Coimbra com a  jornalista responsável, foi revelado que a peça incidiria sobre uma alegada  situação de negligência médica e incluiria, lateralmente, perguntas sobre  contratação pública. Perante a ausência de clareza e transparência quanto aos  temas a abordar, foi solicitado — conforme prática em qualquer instituição que preze a transparência — que as perguntas fossem colocadas por escrito. Assim  foi feito. 

2. Respostas claras e inequívocas, tanto institucionais como pessoais 

As perguntas enviadas pela TVI no final do dia 28 de abril foram respondidas  prontamente no dia seguinte: 

• Aquelas que diziam respeito à atuação da Unidade Local de Saúde de  Coimbra foram respondidas institucionalmente; 

• As que extravasavam as funções públicas que atualmente exerço — tratando de matérias anteriores ou de natureza estritamente pessoal — foram respondidas por mim, diretamente, a título particular. 

Em momento algum a TVI solicitou esclarecimentos sobre a minha assiduidade  ou questionou formalmente a minha presença no exercício das funções que  desempenhei. Ainda assim, optou por apresentar alegações graves, como “faltas  injustificadas” ou mesmo um suposto “esquema”, sem qualquer contraditório e  ignorando elementos públicos que facilmente desmentem tais afirmações. As  minhas participações, como orador em conferências no setor da saúde, foram  públicas — todas compatíveis com o exercício das minhas funções. 

Em momento algum a TVI perguntou o conteúdo da minha atividade profissional  ou os resultados alcançados pelo meu trabalho no Centro Hospitalar e  Universitário de Coimbra. Contudo, optou por emitir uma narrativa deprofissional ausente, impreparado e sem experiência. Optou por uma voz  distorcida e não ouviu nenhumas outras vozes públicas — há múltiplas que  podem testemunhar o trabalho que desenvolvi. 

Em momento algum a TVI questionou sobre “as centenas de viagens realizadas”  e “financiadas pela Indústria Farmacêutica”. Se o tivesse feito, seria facilmente  demonstrado, caso a caso, que foram participações como orador em conferências e reuniões, autorizadas, nunca financiadas pela Indústria Farmacêutica, e  realizadas geralmente a convite de entidades académicas, profissionais,  governamentais e não-governamentais sem fins lucrativos. Convites que  decorrem do meu prestígio internacional, construído ao longo de pelo menos  duas décadas de trabalho académico e profissional. Por raras vezes prolonguei a  minha estadia para além da minha conferência/reunião. Se o fiz foi a custas  próprias como pode ser demonstrado. 

A TVI manteve a narrativa de uma teia de empresas que transitaram da APAH  para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Como se verá em  esclarecimento relativo ao caso da UpHill Health, todas as empresas mencionadas  iniciaram contratos com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE na  vigência de anteriores conselhos de administração. Contudo, em nenhum  momento a TVI me questionou sobre contratos com a empresa Byme ou Nobox.  

A TVI optou por manter a narrativa de eu não estar autorizado a acumular a  função de Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Administradores  Hospitalares. Como foi comunicado, essa autorização não existia pelo simples  facto de não ser necessária.  

• O meu contrato individual de trabalho no ponto 2 da cláusula 10.º diz:  “Durante a execução e vigência do presente contrato individual de  trabalho, o 2° outorgante deve comunicar obrigatoriamente ao 1 °  outorgante o exercício de qualquer outra atividade profissional, por sua  conta ou por conta de outrem.”  

• O exercício de funções que desenvolvi na Associação Portuguesa de  Administradores Hospitalares (associação sem fins lucrativos) não se  enquadra em funções profissionais, mas sim a atividade não  remunerada, no âmbito da liberdade de associação.  

• Mesmo assim, o exercício de funções como Presidente da Direção da  Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares era público e  conhecido, existindo anuência por parte dos órgãos de gestão do  Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. 

A TVI optou por manter a narrativa de “Hospital adjudicou quase 60 mil euros […]  para remodelar o gabinete da presidência do Hospital”. Foi esclarecido à TVI-

Não existe qualquer espaço físico no ex-Centro Hospitalar e Universitário de  Coimbra que se identifique como “gabinete da presidência”. Supomos que o  procedimento referido corresponda à aquisição de cadeiras de secretariado e  direção para os vários serviços do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.  Este procedimento foi lançado em junho de 2023, data anterior ao do exercício do  atual conselho de administração, tendo a adjudicação ocorrido a 22 de novembro  de 2023. Ao Conselho de Administração em funções a Novembro de 2023 apenas  competiu concluir a tramitação do procedimento pré-contratual iniciado pelo  Conselho de Administração anterior, nos termos por este definidos. Efetivamente,  foi realizado um procedimento para beneficiação de dois gabinetes (presidente e  vogal executivo) e da sala de reuniões do Conselho de Administração, em fevereiro  de 2024, pelo montante de 4.989,05€.  

Resposta dada a 29 de abril de 2025 

A TVI manteve a narrativa falsa “27 dias após assumir funções como Presidente  do Conselho de Administração da ULS de Coimbra assina um contrato público  para a contratação de serviços da Up Hill”, optando por não esclarecer.  

O processo de aquisição mencionado foi iniciado em 25 de março de 2023 pelo  órgão de gestão anterior. Ao Conselho de Administração em funções a Novembro  de 2023 apenas competiu concluir a tramitação do procedimento pré-contratual  iniciado pelo Conselho de Administração anterior, nos termos por este definidos. 

Resposta dada a 29 de abril de 2025 

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra tem uma relação comercial  formalizada com a Uphill Health pelo menos desde 2022. 

Novos esclarecimentos dados a 30 de abril de 2025 

A TVI manteve a narrativa deturpada “viajou para Roma para participar num  congresso da UP Hill”, optando por não esclarecer. Foi demonstrado que em  momento algum a viagem foi custeada pela empresa: 

Não participei num congresso da UpHill em maio de 2024 em Roma, nem  representei qualquer empresa para além da ULS de Coimbra. Confirmo a  participação no Healthcare Information and Management Systems Society (HIMMS) European Health Conference 2024 realizado em Roma entre os dias 29 e  31 de maio. Como pode ser verificado, esta conferência é o mais reputado evento  europeu na área da saúde digital. Visitar: https://www.himss.org/ 

Neste evento, tive a oportunidade de participar numa sessão, realizada no dia 30  de maio, onde apresentei a implementação de percursos clínicos integrados na ULS  de Coimbra. A participação na sessão valorizou o trabalho realizado pelos  profissionais da ULS de Coimbra, permitindo o fortalecimento da rede de  colaboração europeia na área da inovação da prestação de cuidados. Neste campo,  a ULS de Coimbra destaca-se a nível europeu como um dos mais dinâmicos  prestadores de cuidados de saúde. Neste momento, a ULS de Coimbra garante mais  de sete milhões de euros de financiamento competitivo para a área da inovação  pela participação em projetos europeus. 

Resposta dada a 29 de abril de 2025

[…] Como ficou demonstrado, estive em Roma menos de 24 horas e somente realizei  esta deslocação para participar especificamente nesta sessão, tendo no final desta  regressado a Portugal. Ou seja, não tive oportunidade para participar no evento  para além do tempo estrito da sessão. 

A participação na sessão valorizou o trabalho realizado pelos profissionais da ULS  de Coimbra, permitindo o fortalecimento da rede de colaboração europeia na área  da inovação da prestação de cuidados de saúde. Neste campo, a ULS de Coimbra  destaca-se como um dos mais dinâmicos prestadores de cuidados de saúde  europeus. Atualmente, a ULS de Coimbra garante mais de sete milhões de euros de  financiamento competitivo para a área da inovação pela participação em projetos  financiados pela Comissão Europeia. A maioria destes projetos passa por parcerias  com empresas privadas portuguesas e estrangeiras. O sucesso das candidaturas e  projetos depende do reconhecimento e visibilidade das instituições num contexto  altamente competitivo. Daí a necessidade de participação em eventos deste caráter. Como é público, ainda recentemente um consórcio europeu liderado pela UpHill  Health, tendo a ULS de Coimbra como parceira, viu financiado pela Comissão  Europeia o projeto i2X avaliado em cerca de oito milhões de euros 

https://www.digitalhealth.net/2025/04/eu-project-launched-to-connect-health data-of-three-million-citizens/ 

Novos esclarecimentos dados a 30 de abril de 2025 

3. Reportagem enviesada, baseada em insinuações graves, erros e omissões 

Lamento profundamente que, apesar da minha total abertura e colaboração, e da  apresentação de provas concretas e de dados claros e inequívocos sobre a  verdade dos factos, a reportagem emitida tenha optado por incidir sobre aspetos  que foram cabalmente esclarecidos e/ou desmentidos e omita parte substancial  da informação prestada. A reportagem apresenta, ainda, insinuações que não se  sustentam em qualquer facto ou evidência.  

Trata-se de uma reportagem enviesada e falaciosa, que ignora o dever de contraditório e de verdade e parece motivada por objetivos que em nada se  coadunam com o dever público de informar, com verdade e isenção, que está  votado ao Jornalismo digno desse nome. 

4. Serenidade e confiança na justiça e na reposição da verdade 

Recebo com serenidade as insinuações proferidas. A minha conduta, no exercício  de funções públicas ou privadas, sempre se pautou por princípios de legalidade,  ética, transparência e respeito pelo interesse público. A minha história profissional  é pública, documentada e sujeita ao escrutínio de todos — e fala por si. 

5. Defesa da honra pessoal e institucional 

Não deixarei, contudo, de agir em defesa da minha honra e da reputação da  instituição que represento. Serão, por isso, adotadas todas as medidas legais  necessárias à reposição da verdade e à responsabilização de quem, de forma leviana e injusta, atenta contra o meu bom nome e contra a confiança pública no  Serviço Nacional de Saúde. 

Coimbra, 17 de maio de 2025 

Alexandre Lourenço

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