Coimbra

Académica: Pedro Roxo vai ter de se mexer

Rui Avelar | 4 anos atrás em 11-03-2020

Volvidos três meses e meio sobre a implosão do cenário de transformação da Académica – SDUQ em SAD, hipótese que implicava perda do controlo do clube por parte da AAC/OAF, escasseia o tempo para Pedro Roxo alinhavar o futuro da Briosa.

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(Re)eleito, em 2019, para presidir ao Organismo Autónomo de Futebol da AAC, proprietário da Académica – SDUQ, Pedro Roxo está há quase um ano para consumar o seu projecto de criação de uma sociedade anónima desportiva.

A Direcção da Briosa retirou, a 21 de Novembro [de 2019], da ordem de trabalhos de uma reunião da Assembleia Geral da AAC/OAF o ponto atinente a uma alteração estatutária destinada a referendar a conversão em SAD da SDUQ – Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas da Académica.

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O recuo prende-se com a advertência feita pelo presidente da casa-mãe, [a Associação Académica de Coimbra (AAC)], Daniel Azenha, no sentido da retirada do símbolo e do nome ao clube futebolístico se o parceiro privado da AAC/OAF possuir mais de 50 por cento do capital da hipotética SAD.

Reeleito para liderar a AAC, no Outono de 2019, Daniel Azenha reiterou que a casa-mãe da entidade proprietária da Académica – SDUQ não está disponível para ceder o símbolo e o nome a uma sociedade cujo capital seja maioritariamente alheio ao clube.

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Com a Briosa sem expectativa de regressar à I Liga e com a manutenção praticamente garantida no segundo escalão do futebol português, Roxo vai ter de deixar de se remeter ao silêncio.

Nas próximas semanas, caberá ao timoneiro da Académica – SDUQ dizer se há um investidor disponível para intervir na constituição de uma Sociedade Anónima Desportiva cujo capital seja maioritariamente pertencente à Académica/OAF; se não houver, restará a Pedro Roxo abrir caminho à convocação de eleição antecipada da Direcção do Organismo Autónomo de Futebol da AAC.

A atestar que não está facilitada a tarefa de Roxo avulta um episódio ocorrido, quinta-feira (05), por ocasião do jogo Briosa – Penafiel, em que os futebolistas anfitriões foram portadores de uma mensagem evocativa do 730º. aniversário da Universidade de Coimbra. Sem acrimónia, Roxo convidou Azenha para o Estádio Cidade de Coimbra e este fez-se acompanhar pelas secções desportivas e culturais da AAC. 

O facto de o presidente da casa-mãe ter ido ao Calhabé acompanhado por representantes de dezenas de secções remete para um simbolismo que Pedro Roxo e Miguel Franco (vice-presidente suplente da Académica/OAF e dirigente do Conselho Desportivo da AAC) não podem ignorar.

A Académica/OAF é um organismo autónomo “sui generis” da AAC, criado, em 1984, para proporcionar o regresso da Briosa ao seio da casa-mãe, pois, 10 anos antes, a implosão da Secção de Futebol da AAC dera lugar ao Clube Académico de Coimbra.

Em 2013, mediante referendo, foi instituída pelos sócios da AAC/OAF uma SDUQ, contra o desejo do então presidente, José Eduardo Simões, defensor de uma SAD.

Por outro lado, um manifesto subscrito por muitas dezenas de sócios da Briosa, divulgado em Novembro [de 2019], alega que só a permanência da maioria do capital de uma sociedade desportiva sob a alçada da AAC/OAF permite “garantir que a presença nas competições desportivas profissionais de futebol seja efectuada através de uma equipa com o nome e o símbolo da Associação Académica de Coimbra”.

“Só assim se evitará o corte do cordão umbilical com a casa-mãe”, adverte um manifesto subscrito, por exemplo, por Ricardo Roque (presidente da AAC em 1984), Alfredo Castanheira Neves e os antigos futebolistas Mário Campos, José Belo, António Marques e Frederico Valido.

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