Opinião

A radicalidade da decência

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 semanas atrás em 08-03-2025

Sabe distinguir um radical de uma pessoa decente? Peço ao leitor que não estranhe a pergunta, também eu não vejo incompatibilidade entre os dois conceitos, mas a razão por que a coloco é que, cada vez mais, se acentua a ideia de que alguém que defende princípios básicos do que é (devia ser…) a decência humana merece ser atacado com o epíteto de «Radical!», usado como ofensa – o que também é algo que o autor deste texto tem dificuldade em conceber.

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Ideias que deveriam ser pilares de uma sociedade justa, como a equidade de género, o respeito pela orientação sexual ou a igualdade entre seres humanos independentemente da sua nacionalidade, são vistos por muitos como uma afronta. Mas, afinal, o que há de tão subversivo na decência? O que há de extravagante em exigir, por exemplo, que homens e mulheres tenham os mesmos salários? O que há de tão ofensivo em proclamar que se deve poder amar quem se ama sem medo de represálias ou discriminação? O que há de tão perigoso em recusar que a cor da pele condicione o exercício de direitos básicos?

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As respostas a estas questões são claras: infelizmente, em 2025, estas ainda são ideias que vão contra a ordem estabelecida. Ao contrário do que muito ouvimos dizer, nunca chegámos a viver num planeta verdadeiramente livre e igualitário – nem sequer nas pequenas bolhas que habitamos.

No muito incensado “mundo ocidental”, tal como no nosso pequeno canto à beira do Atlântico (onde pelo menos já um milhão de portugueses apoia ou simplesmente transige com visões racistas, violentas e fascistas), o padrão da normalidade é cada vez mais o que até há bem pouco era inaceitável. A decência, que não deveria nunca precisar de ser uma postura revolucionária, obriga agora a coragem e ousadia.

Mas se pedir justiça é um ato de insurreição, se proclamar dignidade é uma ameaça ao tecido social e se querer destruir a desigualdade é um ato de radicalismo, pois então, é tudo isso que precisamos fazer! E se somos cada vez menos, mais alto é preciso erguer a nossa voz! A dos radicais, eventualmente. Mas, sobretudo, a dos decentes!

OPINIÃO | PEDRO SANTOS – ESPECIALISTA EM COMUNICAÇÃO

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