Coimbra

“A qualidade não está só em Lisboa”: Gulbenkian em “Diálogos” com o Museu Nacional Machado de Castro

Notícias de Coimbra | 14 minutos atrás em 30-10-2025

O Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra, acolhe a partir de 30 de outubro a exposição “Diálogos. A Coleção Calouste Gulbenkian no Museu Nacional de Machado de Castro”, uma iniciativa inédita que coloca frente a frente obras de duas das mais prestigiadas instituições museológicas do país.

Resultado de uma parceria entre o Museu Nacional de Machado de Castro e o Museu Calouste Gulbenkian, esta mostra reúne 173 obras – 88 provenientes da coleção Gulbenkian e 85 do acervo de Coimbra – convidando o público a um percurso de diálogo entre épocas, estilos e geografias.

Patente até 22 de fevereiro de 2026, a exposição surge num momento em que ambos os museus se encontram em processo de renovação. O encerramento temporário das suas instalações deu origem a uma oportunidade excecional: a de unir duas coleções de relevância nacional e internacional num mesmo espaço, que carrega uma história única.

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Ao longo de treze salas, as obras de ambas as instituições são colocadas em confronto e diálogo, revelando cruzamentos de técnicas, materiais, influências e práticas artísticas que atravessam séculos de produção. A mostra propõe uma leitura dinâmica da história da arte, privilegiando o encontro entre contextos e linguagens que, apesar de distintos, partilham inquietações comuns e contribuem para a compreensão da identidade artística europeia.

Os diferentes núcleos da exposição refletem a diversidade e a profundidade das coleções reunidas. Um dos espaços evoca o legado romano de Coimbra, integrando o próprio criptopórtico do museu e sublinhando a sua origem como antigo fórum de Aeminium. Outros núcleos reúnem obras medievais e renascentistas que testemunham a vitalidade artística da cidade e o papel determinante que desempenhou na história da escultura. Destacam-se as presenças de João de Ruão e de Hodart, figuras essenciais na definição das matrizes escultóricas em Portugal, representando as influências francesa e italiana que moldaram o panorama artístico do século XVI.

O percurso inclui ainda salas dedicadas ao mudejarismo, com obras provenientes sobretudo da Sé Velha de Coimbra e de outras coleções associadas, revelando uma linguagem decorativa comum que nasce do contacto entre tradições cristãs e islâmicas. Outras secções apresentam têxteis e tapetes safávidas e otomanos, provenientes da coleção Gulbenkian, em diálogo com peças do acervo coimbrão, bem como conjuntos recuperados a partir de inventários históricos e há muito afastados do circuito expositivo. A exposição culmina na sala dedicada à cerâmica de Iznik, uma das mais importantes coleções deste género a nível mundial, expressão refinada da arte islâmica desenvolvida no Império Otomano, que encerra o percurso com uma nota de esplendor e sofisticação.

No final da apresentação, o Dr. Alexandre Pais, diretor dos Museus e Monumentos de Portugal, afirmou: “Há sempre a noção de que só em Lisboa estão as grandes coleções. O Museu Nacional Machado de Castro é um grande museu nacional e uma peça muito importante dos museus e monumentos de Portugal. A qualidade não existe só no centro, só na capital, mas também noutros locais. O facto da Gulbenkian ter colocado aqui a sua coleção é um abre olhos que reforça esta ideia.”.

“Diálogos” representa também um passo decisivo na renovação museográfica do MNMC permitindo ao público o reencontro com peças que estavam há muito em reserva ou em depósito. O projeto envolveu um extenso trabalho de estudo e restauro, com a colaboração de investigadores e especialistas que contribuíram para a valorização das obras.

A exposição assume-se, assim, como um exercício de continuidade e partilha entre duas instituições que, ao abrirem as suas coleções à contemplação conjunta, reforçam a missão de preservar, estudar e dar a conhecer o património comum.

A exposição pode ser visitada até 22 de fevereiro de 2026, com bilhete de 10€, mantendo-se as condições gerais e benefícios aplicáveis aos museus nacionais, incluindo 52 dias por ano de entrada gratuita para cidadãos portugueses.

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