Saúde

A maçã pode ser muito mais poderosa do que imagina

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 7 minutos atrás em 05-12-2025

A expressão popular “uma maçã por dia nem sabe o bem que lhe fazia” tem raízes no século XIX. O provérbio galês original, datado de 1866 — “Eat an apple on going to bed and you’ll keep the doctor from earning his bread” — sugere que a fruta tem propriedades capazes de afastar o médico. Mas será que esta ideia tem fundamento científico?

Segundo vários estudos, as maçãs distinguem-se pelo seu elevado teor de compostos bioativos, sobretudo fitoquímicos como flavonóis, polifenóis e pectina, uma fibra solúvel que ajuda a baixar o colesterol LDL (“mau colesterol”) e a estabilizar os níveis de açúcar no sangue.

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Entre os polifenóis mais relevantes encontram-se na antocianina – responsável pela cor vermelha de algumas variedades e associada à melhoria da saúde cardiovascular e na florizina, um composto raro noutros frutos que contribui para o controlo da glicemia.

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Muitas frutas contêm compostos semelhantes, mas as maçãs destacam-se: estudos apontam-nas como tendo o segundo maior poder antioxidante entre todas as frutas. São ainda uma das principais fontes de compostos fenólicos na dieta ocidental. Nos EUA, estima-se que 20% da ingestão total de fenólicos provenha das maçãs.

A sua disponibilidade, preço acessível, longa durabilidade e versatilidade fazem delas uma opção prática para consumo diário.

Um estudo de 2017, que analisou cinco investigações, concluiu que comer maçãs regularmente está associado a uma redução de 18% no risco de diabetes tipo 2.

Uma revisão de 2022, baseada em 18 estudos, indica que o consumo de maçãs (ou dos seus derivados) pode reduzir o colesterol, desde que mantido por mais de uma semana.

Também há evidências de que o consumo frequente de maçãs pode reduzir o risco de alguns tipos de cancro, graças ao efeito anti-inflamatório dos fitoquímicos, pode ler-se na Men´s Health.

Por outro lado, um estudo de 2015 envolvendo quase nove mil participantes revelou que, embora quem comesse maçãs diariamente tivesse melhor saúde geral, não havia diferença significativa no número de idas ao médico. No entanto, verificou-se menor dependência de medicação prescrita entre os consumidores diários de maçãs — mesmo após ajustar fatores como nível de educação ou estilo de vida.

Os especialistas são claros: a casca é fundamental, pois concentra a maior parte dos polifenóis. Variedades mais antigas, como a italiana Pom Prussian, tendem a ter maiores teores destes compostos, ao contrário de muitas variedades modernas cultivadas sobretudo pelo sabor e pela aparência.

A resposta da ciência é sim — mas com equilíbrio. Comer uma maçã por dia pode beneficiar a saúde cardiovascular, ajudar a controlar o colesterol, estabilizar os níveis de açúcar no sangue e contribuir para prevenir doenças crónicas.

Contudo, não substitui uma dieta variada e rica em frutas, legumes e outros alimentos de origem vegetal.

Como resume o investigador norte-americano Matthew Davis, “as pessoas que comem maçãs tendem a ser mais saudáveis de forma geral” — não apenas por causa da fruta, mas devido ao conjunto de escolhas no seu estilo de vida.

A maçã, portanto, não é uma cura milagrosa, mas continua a ser uma excelente aliada diária numa alimentação equilibrada.

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