Opinião

À escuta, transmita!

Notícias de Coimbra | 1 mês atrás em 18-05-2024

O transístor, predileta das minhas palavras como a farinha que era bem melhor que a Amparo, saltou-me ao ouvido esta semana numa das aulas do curso de programador, que a velhice me mandou estudar.

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Lembrei-me logo de meu pai, construtor de rádios, que recebia as peças pela Álvaro Torrão e os montava no sótão da casa de Castelo Branco, pela calada da noite.

Talvez venha dessa reminiscência paixão pelas rádios, via de libertação e expansão que nos permite mergulhar nas profundezas das emoções do ser humano.

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Basta ouvir as madrugadas da Rádio São Miguel, ali em Penela, ou a Emissora das Beiras para perceber como o transístor apaga a solidão dos idosos. Tal como a Monsanto, vendida, e a Emissora das Beiras que leva mesmo caminho.

Embarcamos agora numa nova viagem, retransmitindo os boatos das cortes, sem compaixão, nem amor, uma desgraça da lei das rádios que nos obriga a olhar a vida atual e a imperfeição do ser humano.

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Perdemos todos, mais do que os técnicos desse navio chamado UTAO, que, sem despudor, se vêm queixar dos ataques do poder político.

O Baleiras não gostou das declarações do Medina, que tem razão – para que havemos de pagar juros aos alemães se os podemos pagar à Caixa, e, pródigo, ainda considerou falta de fundamento a vilania.

A omnisciência da UTAO não suporta críticas e, um dia destes, proíbem o escrutínio ao conselho de sábios, como se independência fosse sinónimo de competência.

Eis como temos vendido o país a pataco, a que se junta o Sebastião que reclama o alargar das condições que permitem as migrações legais, diminuindo o salário mínimo exigível a um migrante que entre na União Europeia, já com um contrato de trabalho.

Melhor não pode haver, e já lá volto, sobre esta xenofobia messiânica.

O espaço público, que nos roubam e o direito de vadiar a qualquer hora do dia na companhia da Rádio, impede o encontro das pessoas e a cavaqueira.

Não fora isso ficaríamos a saber que o Provedor agiu em conflito de interesses. Um alegado conflito de interesses, que ganhou nas sanções, mas do resto já pouco sabemos.

Haja idoneidade, com certeza que a terá, já a Ramalho disse da Ana, que salvo erro é de Arganil, que “encontrou um cancro financeiro e tratou-o com paracetamol”. Dizer isto a uma médica é melodia que não toca na rádio, nem nas periferias de Lisboa.

É liberdade sem constrangimento. A mesma que toca nos emissores da República, com o Branco a autorizar a xenofobia, turca no caso, porque o senhor não será censor de qualquer deputado, já que a liberdade de expressão permite a latitude de declarações.

Poderia ser sensor, para alertar quando se ultrapassam os limites da boçalidade, mas adiante, o que não serve para nós, serve para os alemães e basta comparar as economias para se perceber como estamos muito à frente!

Uma componente inquietante da nova verdade, com a época das transferências a começar, dos saneamentos aos empurrões, das ideias aos projetos.

São as reformas senhores, afastem-se os instalados que os miúdos querem faturar. O problema nem é sanear, é despedir sem ter banco onde ir buscar novo jogador.

Contador de histórias novas, o gerente de turno não fez contas nem constatou que num mês, a oposição conseguiu aprovar na Assembleia da República sete projetos de lei, contra uma troca de símbolo e um aeroporto que agrava a macrocefalia de Lisboa e esquece Beja. País de ricos.

Um caminho a solo que, poderíamos escrutinar, mas os fiscais foram arrestados. Parece que oito deles, ao serviço duma entidade dirigida por aquele cavalheiro que queria ser provedor e autarca em simultâneo, foram apanhados em talentosa arte.

Os fiscais queriam, aparentemente, trocar o visto pela propina, num vasto reportório de obras.
E nisto, volta-me a faltar a rádio, mas continuo excitado, nunca se sabe quando os da Corte se porão, outra palavra formidável, a falar sobre o fim de uma relação.

O cenário não é de festa, mas tem pagode e ensaio de teatro.

Como nos discos pedidos, mas sem rádio.

Tal como nos bombeiros, quando chegaram os primeiros rádios e ensaiaram o funcionamento, da encosta para o vale. Móvel um estás-me a ouvir? Aqui móvel dois, estou-te a ouvir e a ver!
Já no país, muito pouca escuta e demasiada transmissão. E ver? Nada.

OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA

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