Coimbra

A Escola da Noite e Sarabela Teatro estreiam “O Grande Incêndio”

Notícias de Coimbra | 6 horas atrás em 24-05-2025

Imagem: Eduardo Pinto

A Escola da Noite e a companhia galega Sarabela Teatro estreiam “O Grande Incêndio”, de Roland Schimmelpfennig, a 29 de Maio, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra. A co-produção é encenada por Ánxeles Cuña Bóveda e fica em cena até 15 de Junho, com sessões de quinta a domingo.

A peça “O Grande Incêndio” (“Das Große Feuer”) foi escrita em 2017, por encomenda do Teatro Nacional de Mannheim, Alemanha. É uma fábula moderna sobre duas vilas situadas num vale, junto a um regato e separadas por uma ponte. De um lado do regato crescem vinhas e do outro pastam bois, vacas, cavalos e ovelhas. De súbito, ocorrem diferentes eventos – uma seca, inundações, uma estranha febre contagiosa, um grande incêndio – que afectam apenas uma das povoações, enquanto a outra entra num período de prosperidade económica. Perante as catástrofes ambientais, cresce a desigualdade e aumenta a distância física e emocional entre as vilas irmãs, levando à destruição dos laços comunitários que as uniam.

A peça fala-nos de desastres naturais e de desastres culturais – dos que não podemos evitar e dos que criamos ou ajudamos a agravar, por acção ou omissão. De prenúncios a que só demasiado tarde prestamos atenção, do crescimento das desigualdades e das injustiças com que nos habituamos a conviver, da forma como deixamos que nos dividam, entre povos, entre vizinhos, entre famílias. Fala-nos, nas palavras do próprio autor, de “uma fenda entre mundos” que “cresce cada vez mais”.
De uma forma poética – adianta a encenadora –, o texto descreve-nos “como os amigos se convertem em inimigos, como os desastres naturais dividem o mundo em ricos e pobres e como aparecem as injustiças que enformam a vida das pessoas”.

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Apresentada em português com a tradução de António Sousa Ribeiro (feita propositadamente para este espectáculo, com o apoio do Goethe-Institut Lisboa), a co-produção conta com uma vasta equipa criativa, com artistas de Portugal e da Galiza. Para além de Ánxeles Cuña Bóveda, directora artística do Sarabela Teatro, a equipa inclui Iris Branco e Cristian Andrade (cenografia), Baltasar Patiño (desenho de luz), Vadim Yukhnevich (música original), Ana Rosa Assunção (figurinos e adereços), Rut Balbís (apoio ao movimento) e Zé Paredes (assistente de encenação). O elenco é composto por Ana Teresa Santos, Igor Lebreaud, Maria Quintelas, Miguel Magalhães e Ricardo Kalash.

Com estreia marcada para 29 de Maio em Coimbra, o espectáculo cumprirá uma temporada de três semanas nesta cidade, sendo apresentado em Ourense – cidade onde está sediado o grupo Sarabela Teatro – na terceira semana de Junho.

Vêm de longe as ligações d’A Escola da Noite à Galiza. Há muitos anos que o grupo de Coimbra vem desenvolvendo relações de intercâmbio com estruturas congéneres e artistas deste território, acolhendo espectáculos galegos nos diferentes espaços da cidade pelos quais tem sido responsável, apresentando com regularidade o seu trabalho em diferentes palcos da Galiza e associando-se a diferente projectos em áreas como a informação, a edição, a documentação, a organização de festivais, entre outras.

Em 2023, organizou com a associação Cena Lusófona e em parceria com uma dezena de instituições da cidade a Mostra de Teatro Galego em Coimbra, iniciativa que terá este ano, no final de Outubro, a sua segunda edição. Ánxeles Cuña Bóveda é a segunda encenadora da Galiza a dirigir um espectáculo da companhia, dez anos depois de Cándido Pazó aqui ter encenado “A Canoa”. Especificamente com o Sarabela Teatro, A Escola da Noite vem aprofundando uma relação de grande cumplicidade, que agora se materializa na primeira de duas co-produções previstas para o biénio 2025-2026.

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