Saúde
A doença de Crohn interfere com a fertilidade?
A doença de Crohn interfere com a qualidade de vida e atinge sobretudo pessoas jovens, mais frequentemente entre os 15 e os 35 anos, ou seja, mulheres e homens em idade fértil.
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O sonho de aumentar a família pode tornar-se uma aventura com mais obstáculos no caminho, mas não é impossível de concretizar, garante a Dra. Gunes Karakus, médica especialista em ginecologista e obstetrícia.
Existem, porém, algumas recomendações para mais facilmente se alcançar uma gravidez: peso adequado, uma boa alimentação para evitar a desnutrição, comum em pessoas que sofrem desta doença, e acompanhamento médico para controlar sintomas e escolher o tratamento mais adequado a cada caso.
A Doença de Crohn pode atingir qualquer segmento do sistema digestivo, da boca até ao ânus, e provoca habitualmente sintomas como diarreia, dor abdominal, perda de peso, cansaço e fadiga. A médica explica que a doença, por si só, não constitui um impedimento para alcançar a gravidez.
O problema é que os seus efeitos no organismo podem criar condições desfavoráveis: baixo peso, anemia, períodos irregulares relacionados com a absorção insuficiente dos alimentos ou aderências nos tecidos operados durante as cirurgias.
Os sintomas manifestam-se de forma intermitente, oscilando entre períodos de crises ativas e períodos de inatividade. Nos casos mais graves, a cirurgia acaba por ser necessária para controlar os efeitos da doença.
“O principal problema nas mulheres submetidas a uma cirurgia para manter a doença controlada, é que, por vezes, o tecido cicatrizado desenvolve-se na cavidade pélvica ou nas trompas de Falópio, obstruindo-as, o que dificulta a fertilização mais tarde. Felizmente, as alternativas oferecidas pelas técnicas de reprodução assistida são compatíveis com esta situação, uma vez que não é obrigatório que as trompas sejam permeáveis para a mulher conseguir engravidar”, explica a médica do IVI Lisboa.
Os especialistas recomendam, geralmente, que uma mulher com doença de Crohn espere até que a sua doença esteja em remissão por, pelo menos, três a seis meses antes de engravidar. Nos casos mais graves, a possibilidade de adiar a cirurgia depois de ter sido mãe pode até ser considerada.
Alguns homens afetados pela doença de Crohn podem também apresentar baixa qualidade do sémen devido à desnutrição causada por um défice de nutrientes e micronutrientes.
Mas, além disso, alguns dos medicamentos indicados para controlar a doença podem reduzir temporariamente a fertilidade nos homens. Especificamente, a sulfassalazina pode causar menos produção de espermatozoides e pior motilidade, enquanto o metotrexato pode afetar a formação de espermatozoides. Este efeito é geralmente reversível e os níveis de fertilidade geralmente recuperam dois a três meses após a interrupção da medicação. A nível funcional, abcessos e fístulas na cavidade pélvica e junto ao ânus também podem causar alguns problemas de ereção e ejaculação, nos casos mais severos.
“Não devemos perder de vista o aspeto psicológico desta condição, uma vez que a doença de Crohn geralmente apresenta sintomas como fadiga intensa, dor abdominal, lesões internas ou problemas digestivos que, por vezes, produzem uma queda significativa da libido em ambos os sexos, dificultando também a possibilidade de gravidez. Por todos esses motivos, o ideal é ter um bom controlo da doença com o médico para ter a melhor base possível antes de alcançarem a tão desejada gravidez”, conclui a especialista.
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