Saúde

A crise silenciosa da saúde mental dos jovens

Notícias de Coimbra | 7 meses atrás em 11-10-2023

“Quantas mais vidas serão arruinadas por problemas de saúde mental antes de tomarmos medidas concretas?”

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Imagine uma criança a crescer num mundo que muda todos os dias – onde a segurança de ontem, hoje já não existe. Para essa criança, a ameaça da doença mental não é apenas significativa; é uma sombra assustadora. A Organização Mundial da Saúde avisa que um em cada sete jovens entre os 10 e os 19 anos sofre de um distúrbio mental. Esta realidade representa 13% de todos os problemas de saúde que afetam este grupo etário a nível global.

A saúde mental dos jovens na União Europeia (UE) é motivo de grande preocupação. Por detrás das estatísticas frias estão vidas jovens destruídas pela depressão e pela ansiedade. O suicídio é agora a segunda principal causa de morte entre os jovens da UE, principalmente depois de herdarem um mundo complexo, desde as mudanças climáticas até à COVID-19.

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Durante a pandemia, muitas crianças e jovens sofreram com um isolamento prolongado e da falta de interações com professores e colegas. Sentiram ansiedade e foram expostos a ambientes domésticos mais stressantes, com graves consequências para a sua motivação e bem-estar emocional geral.

No entanto, questões tradicionais como o esgotamento e as pressões relacionadas com o futuro também contribuem para este problema. Em particular, a nova era da digitalização é prejudicial para os jovens. Eles estão a lutar contra sentimentos de solidão e expectativas sociais que têm dificuldade em cumprir.

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Há também um estigma em torno da saúde mental, especialmente para a geração mais velha. Quantos pais e educadores tentam ajudar apesar de não terem as ferramentas necessárias? Os pais e educadores precisam de mais recursos e conhecimento para usar adequadamente os meios disponíveis para os jovens.

O Grupo PPE no Parlamento Europeu reconhece a necessidade urgente de intervenção e o apoio a iniciativas destinadas à deteção precoce e a opções de tratamento abrangentes. Os problemas de saúde mental devem ser tratados como todos os outros problemas de saúde.
É necessário apoiar uma ação eficaz, focada nas necessidades e prioridades dos países da UE e adotar uma variedade de abordagens diferentes para enfrentar estas preocupações, como:

Mais dados

É necessário recolher mais dados para melhor compreender os problemas de saúde mental e os padrões cerebrais que contribuem para o seu desenvolvimento. A recolha de dados deve abranger o impacto de problemas convencionais, como o aumento da digitalização, e aprender a mitigá-lo, através da análise de dados adicionais e a implementação de medidas preventivas, como a deteção precoce.

Melhor acesso aos cuidados de saúde mental

O acesso aos recursos de saúde mental não é fácil, já que muitas pessoas têm dificuldade em encontrar o profissional certo ou não têm meios para conseguirem pagar o tratamento de que necessitam, se o sistema de saúde pública não o cobrir. Os recursos devem tornar-se mais acessíveis para os jovens, tanto dentro como fora das instituições educativas. Um bom exemplo disso é o Centro Headspace na Dinamarca. Precisamos de adaptar modelos como este a diferentes países da UE e abordar eficazmente as necessidades dos jovens. Precisamos de aumentar a consciencialização e educar de forma a erradicar o estigma em torno da saúde mental, partilhar mais informação sobre os sinais de alerta e promover discussões entre as famílias.

Incluir os jovens no debate sobre saúde mental

Por último, é importante incluir os jovens nas discussões sobre saúde mental, pois podem contribuir com conhecimentos valiosos e propor soluções complementares. Os nossos jovens não são apenas estatísticas, são a chave para criar soluções. Eles merecem um lugar à mesa das discussões e decisões e para que isso seja possível, os países da UE devem dedicar investimentos adicionais e desenvolver novas políticas para combater os desafios da saúde mental.

Se enfrentarmos o aumento dos distúrbios mentais entre os jovens com a urgência e com a compaixão que merece, a resposta à nossa pergunta inicial será: “Nenhuma.”

OPINIÃO | Lídia Pereira, Eurodeputada PSD, Grupo PPE, Presidente da Juventude do Partido Popular Europeu  e Bartosz Arłukowicz, Eurodeputado Grupo PPE, Presidente da Subcomissão de Saúde Pública do Parlamento Europeu 

 

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