O fenómeno do ghosting, típico das relações amorosas, chegou ao mundo do trabalho — e está a deixar empregadores à beira de um ataque de nervos.
Conhecido como “catfishing de carreira”, o comportamento consiste em candidatos que se inscrevem para vagas, passam por todas as fases do recrutamento, aceitam a oferta… e nunca mais dão sinais de vida.
A prática foi recentemente destacada pela Forbes, que denuncia este novo tipo de “desaparecimento profissional” como cada vez mais comum — especialmente entre os mais jovens. Uma sondagem da plataforma CVGenius revela que 34% da geração Z (nascidos entre meados dos anos 1990 e 2010) já praticaram este tipo de ghosting laboral. Entre os millennials, o número também é expressivo: 24%. Já a geração X e os baby boomers registam percentagens mais baixas (11% e 7%, respetivamente).
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A tendência tem gerado críticas por parte de empregadores e CEO’s, que apontam o dedo à alegada “falta de compromisso” da nova geração, acusando-os de transformar o mercado de trabalho num “meme”. Muitos classificam o comportamento como irresponsável e prejudicial para as equipas e operações internas.
Mas os “catfishers” profissionais defendem-se: alegam que os processos de recrutamento são demasiado longos, impessoais e muitas vezes opacos. Entre a candidatura e a resposta final, muitas vezes passam-se semanas ou até meses — tempo suficiente para os candidatos perderem o interesse, receberem outras propostas ou simplesmente mudarem de ideias.
A isto junta-se o fenómeno inverso, o dos “ghost jobs” — ofertas de emprego publicadas por empresas que, na verdade, não têm qualquer vaga disponível. Este tipo de anúncio serve, segundo especialistas, para criar uma aparência de crescimento ou para manter os colaboradores atuais em alerta. Resultado: o ghosting já não é apenas dos candidatos para as empresas — muitas vezes é também o contrário.
No fundo, o mercado de trabalho está a tornar-se num jogo de aparências e silêncios. E, entre ghost jobs e catfishers, o maior desafio parece ser, simplesmente, encontrar alguém que apareça — e fique.
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