Portugal

“Era a minha filha”. Após ataque brutal, José Manuel Anes não vai apresentar queixa

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 17-11-2025

Imagem: Facebook

José Manuel Anes, antigo presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, foi violentamente agredido pela própria filha no dia 20 de outubro, à porta de sua casa, na zona de Arroios, em Lisboa.

A agressora, identificada como Ana Anes, atacou o pai com uma arma branca, provocando ferimentos na barriga e nas mãos, e tentou ainda cegá-lo com as próprias mãos.

O professor universitário relatou o episódio numa entrevista ao programa Doa a Quem Doer, descrevendo os momentos de terror que viveu.

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Segundo conta, tudo aconteceu ao final da manhã, quando aguardava a entrega de uma encomenda. Ao abrir a porta, foi surpreendido pela filha, que o empurrou para o chão e iniciou o ataque. “Lembro-me dos dedos dela nos meus olhos. Dei-lhe uma dentada e ela tirou”, recorda. Durante a agressão, ouviu-a repetir: “Vou-te matar”.

O motivo do ataque estará relacionado com uma casa na Costa da Caparica que pertenceu aos pais de José Manuel Anes e que, em caso de morte, passaria para a filha. “Ela queria receber a casa o mais rapidamente possível para a poder vender”, afirma.

Anes acredita tratar-se de “uma questão do foro psíquico”, recordando que a filha sofre de bipolaridade e já teve acompanhamento psiquiátrico. Apesar de nunca ter sido agredido antes, admite que a filha tinha feito várias ameaças verbais no passado, mas nunca pensou que estas se concretizassem. “Era a minha filha”, diz, explicando porque nunca apresentou queixa pelas ameaças anteriores. Desta vez, foi o Ministério Público que tomou conta do caso.

A filha também fez no passado publicações com teorias conspirativas envolvendo o pai, sugerindo falsamente que ele teria ligações ao atentado que matou Sá Carneiro e contactos com a Mossad. José Manuel Anes esclarece que, ao longo da carreira ligada à segurança, conheceu membros de serviços de informações internacionais, incluindo israelitas, mas rejeita qualquer envolvimento conspirativo.

Durante a agressão, o criminalista temeu pela vida: “Houve um momento em que pensei: ‘Bem, estou arrumado’”.

Ana Anes encontra-se atualmente em prisão preventiva numa ala psiquiátrica da cadeia de Caxias. O julgamento está previsto para o próximo ano.

Apesar de tudo, o professor universitário deixa um apelo: “Quero que ela se trate e que normalize a sua mente. Neste estado atual é um perigo. Espero que deixe de ser um perigo para ela e para os outros.”

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