O consumo de bebidas energéticas está a crescer de forma acelerada em Portugal, sobretudo entre crianças e adolescentes. Segundo dados da consultora Nielsen IQ, em 2024 foram vendidos 15,1 milhões de litros, mais 45% do que em 2022, gerando receitas superiores a 48 milhões de euros.
Nutricionistas e pediatras alertam, contudo, para os riscos associados ao consumo. Uma lata de 500 ml pode conter até 200 mg de cafeína — o equivalente a cinco latas de Coca-Cola de 330 ml — e 55 gramas de açúcar, cerca de 14 pacotes individuais.
“Custa convencer os jovens, e os pais, que um produto de venda livre nas prateleiras de qualquer supermercado possa ser perigoso”, afirmou ao Expresso a pediatra Margarida Alcafache, coordenadora da Unidade de Adolescentes do Hospital Dona Estefânia. A especialista lembra que os efeitos da cafeína podem incluir taquicardia, hipertensão, arritmias, ansiedade e insónias.
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Além dos riscos diretos, preocupa também a combinação com álcool, que “pode mascarar os efeitos da embriaguez, levando a consumos excessivos e comportamentos de risco”, acrescenta Alcafache.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) admite a necessidade de avaliar restrições à venda a menores, à semelhança do que já acontece em países como Espanha, Hungria e Noruega (onde a proibição para menores de 16 anos entrará em vigor em janeiro). Atualmente, em Portugal, a legislação apenas proíbe a venda em escolas públicas e restringe a publicidade a menores de 16 anos.
Para a nutricionista Inês Mazagão, da Ordem dos Nutricionistas, o problema não é apenas a cafeína: “O consumo rápido de grandes quantidades de açúcar provoca picos glicémicos acentuados, seguidos de quedas rápidas, o que contribui para fadiga, irritabilidade e alterações de humor.” A longo prazo, aumenta o risco de obesidade, diabetes tipo 2 e problemas de saúde oral.
Muito populares entre os jovens devido à influência de videojogos, influencers e campanhas de marketing agressivas, estas bebidas são frequentemente associadas à adrenalina, ao desempenho físico e ao sucesso em desportos radicais. Mas os especialistas alertam: a sua popularidade não elimina os riscos para a saúde.
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