Primeira Página

Aldeia “fantasma” (a 1 hora de Coimbra) vendida por 2,35 milhões após leilão de “loucos”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 31 minutos atrás em 08-12-2025

Imagem: DR

A aldeia histórica de Póvoa Dão, localizada a 14 quilómetros de Viseu e com origem documentada antes de 1258, voltou a mudar de mãos após décadas marcadas por abandono, investimentos falhados e sucessivos processos de recuperação financeira das empresas que a detiveram.

O conjunto, que inclui 10 casas concluídas, seis inacabadas, restaurante, capela, complexo desportivo e outros espaços comuns, foi adjudicado por 2.350.000,28 euros a um investidor de Lisboa, na noite de sexta-feira, 5 de dezembro, após um leilão eletrónico particularmente disputado, relata o Jornal de Negócios.

PUBLICIDADE

publicidade

Abandonada desde os anos 70, Póvoa Dão foi comprada em 1995 pela construtora Ramos Catarino, por 80 mil contos (cerca de 400 mil euros). A empresa investiu 3,5 milhões de euros na recuperação das 32 casas T1 e T2, na capela e na criação de infraestruturas complementares como restaurante, campo de ténis e zonas ajardinadas.

PUBLICIDADE

Renascida como aldeia turística em 2004, inaugurada pelo então ministro da Economia, Carlos Tavares, a aldeia voltou a degradação quando a Ramos Catarino entrou em dificuldades financeiras.

Das 32 casas, 16 foram entretanto adquiridas por privados, que também as colocaram à venda perante o novo abandono do projeto.

A Ramos Catarino entrou em Processo Especial de Revitalização (PER) em 2013, com apoio do BES. O colapso do grupo Espírito Santo em 2014 arrastou a empresa, que acabou por ser adquirida em 2016 pelo fundo Vallis.

O fundo tentou vender Póvoa Dão por cinco milhões de euros, sem sucesso. Em 2018, a participação maioritária foi vendida novamente aos irmãos Vítor e Jorge Catarino, que recorreram a outro PER, desta vez apoiado pelo Novo Banco.

A reviravolta não chegou. A Ramos Catarino viria a ser adquirida pela Nacala Holdings, liderada por Gilberto Rodrigues, também responsável pelo grupo Elevolution, ele próprio envolvido em processos de revitalização. Este ano, a Ramos Catarino entrou finalmente em insolvência, levando à venda judicial dos ativos da aldeia.

O leilão eletrónico, conduzido pela Leilosoc, teve como preço base 1,7 milhões de euros e mínimo de 1,445 milhões.

Segundo a leiloeira, cerca de 20 interessados inscreveram-se, maioritariamente portugueses, mas também investidores da Alemanha, Brasil e Estados Unidos.

A derradeira hora do leilão foi marcada por grande intensidade: entre as 17h30 e as 18h00, o valor subiu 300 mil euros, alcançando 1,81 milhões. As regras determinavam que cada nova licitação nos últimos cinco minutos reiniciava a contagem decrescente — o que aconteceu várias vezes.

Após 72 licitações, o leilão terminou às 19:33, com a adjudicação final de 2.350.000,28 euros.

Com a venda concluída, resta agora saber qual será o futuro de Póvoa Dão — uma aldeia que já renasceu das ruínas, voltou a cair no abandono e que, pela sua história e valor patrimonial, poderá finalmente ter uma nova oportunidade.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE