Descubra como era o território português retratado no mapa mais antigo de Portugal. Este precioso tesouro encontra-se presente na Biblioteca da Universidade de Coimbra!
O nosso país tem uma história longa, com quase 900 anos de existência. Muitos portugueses desconhecem ou esqueceram que o Reino de Portugal foi fundado a partir do condado Portucalense, em 1139, em plena época da Reconquista cristã.
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O nosso reino nasceu entre os rios Minho e Douro. No entanto, outras terras foram sendo conquistadas desde esse momento. Contudo, no ano de 1297 ocorreu a estabilização das nossas fronteiras, o que permite a Portugal ser reconhecido como o país europeu com as fronteiras mais antigas.
Ao longo do percurso histórico do nosso país, muitos mapas foram desenhados. Há um deles que prima pela antiguidade.
Em tempos antigos, a falta de recursos que existia implicava falhas. Naturalmente, esses mapas não podiam apresentar o rigor que se encontra nos mapas atuais. Contudo, os mapas antigos tinham muito valor na época. Mesmo hoje, ainda se pode aprender muito com o que é revelado neles.
O nosso país foi preponderante na área da cartografia e tornou-se numa referência mundial neste campo devido às navegações marítimas na época dos Descobrimentos. Ao longo das viagens realizadas, havia a necessidade de documentar aquilo que encontravam no seu percurso. Por isso, os portugueses contribuíram significativamente para o desenvolvimento da arte de cartografar
Os mapas portugueses serviram muitos interesses. Foram encarados como verdadeiros segredos de Estado. O valor destes mapas que apresentavam informações pertinentes sobre as costas de África ou sobre a América ou sobre os ventos eram valiosos. O mesmo se pode dizer sobre a informação acerca das rotas para a Índia. Muitos espiões entraram em ação só para colocar as mãos nos mapas portugueses.
A história do mapa mais antigo de Portugal é antiga. A sua origem remonta ao século XVI.
O mapa original é de 1561, sendo da autoria de Álvares Seco. Pouco se sabe deste matemático e cartógrafo português. O mapa é criado durante o curto reinado de D. Sebastião.
Este monarca português enviou uma embaixada a representar o nosso país a Roma, para tratar de assuntos de Estado. Lourenço Pires de Távora foi o embaixador escolhido pelo monarca.
Nesta viagem realizada à capital italiana, Lourenço encontrou-se com Aquiles Estaço, um notável latinista e um humanista famoso. Este português que estava radicado em Roma redigiu a oração de obediência de D. Sebastião ao Papa e leu-a perante Pio IV.
O mapa de Portugal feito por Fernando Álvares Seco foi dado de presente a Guido Sforza, cardeal protetor de Portugal por Aquiles Estaço.
Não havia necessidade de secretismo com este mapa, porque era apenas pertinente para o reino português. A informação que ele apresenta não era valiosa para as potências estrangeiras.
Este mapa ajudava a dar a conhecer bem o país: as fronteiras nacionais, as vilas, as cidades, as montanhas e os rios portugueses. Por isso, este mapa português ajudou a compreender o ordenamento de Portugal e contribuiu para o nosso desenvolvimento.
Nessa carta, o país (na verdade, a Lusitânia, província da Hispânia romana) é apresentado à cabeça da Europa, surgindo o Norte à direita e o Sul a perder-se de vista está à esquerda. Portugal é retratado deitado, uma posição incomum.
Na carta, também é apresentada uma vasta e detalhada rede hidrográfica (curiosamente, a maioria dos rios revelados surgem como se nascessem no nosso território) e uma descrição das povoações densa.
Estas informações são muito centradas junto ao Atlântico por oposição à zona mediterrânica, que têm vilas, aldeias, cidades e sedes episcopais incluídas nas referências.
Embora se desconheça o paradeiro do mapa original, ao longo do tempo, foram difundidas várias versões desse e de outros mapas baseados nele. São conhecidas pelo menos duas dezenas de exemplares do mapa.
Sebastiano di Re e Michele Tramezzino gravaram uma versão reduzida da versão original, impressa em Veneza e difundida em Roma, com a devida autorização Papal e do Senado de Veneza. Essa versão está datada de 20 de maio de 1561.
Portanto, existem exemplares desse mapa dispersos um pouco por todo o continente europeu, integrando alguns atlas e publicações, embora possam apresentar algumas alterações.
Entre as várias versões do mais antigo de Portugal, somente se encontrava uma no nosso país, integrando a coleção do Professor Nabais Conde, na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC).
Carlos Alberto Nabais Conde foi professor e investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. A BGUC adquiriu a coleção de mapas Nabais Conde em 2005. Esta coleção representa um dos conjuntos de mapas históricos portugueses mais notáveis e completos.
Além do exemplar completo do primeiro mapa de Portugal impresso em 1561 pelo editor Tremezzini, esta coleção revela outras preciosidades (a maioria trata-se de exemplares coloridos à mão). As versões ptolomaicas da Península Ibérica (século XV) encontram-se entre os destaques desta coleção.
Nesta coleção, podemos ainda encontrar um mapa das ilhas dos Açores que apresenta uma ilha que, na verdade, não existe. Existem também panorâmicas de Coimbra e de outras cidades, do século XVI. É possível ver uma gravura de Lisboa do século XVIII, pouco antes do Terramoto, e detalhadas cartas holandesas de vários trechos da costa portuguesa.
Recentemente, a Biblioteca Nacional de Portugal fez um investimento para garantir mais um exemplar do mapa mais antigo de Portugal, que está datado de 1561. Este exemplar era
desconhecido até há pouco tempo.
Provavelmente terá feito parte de um atlas da denominada “Escola de Lafreri”, pois apresenta vincos de dobragem evidentes, comuns nesse tipo de mapa. Além disso, este mapa de Portugal apresenta ainda umas indesejadas amputações nas margens esquerda e direita.
Contudo, apesar da imagem apresentada na Área de Cartografia da Biblioteca Nacional de Portugal ser truncada e amputada, o mapa continua a representar um tesouro cartográfico de grande valor. Trata-se do primeiro mapa de Portugal conhecido.
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