Saúde

Bebé nasce depois de gravidez “impossível”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 29-12-2025

Imagem: DR

Um bebé nasceu recentemente no hospital Cedars-Sinai, em Los Angeles, num caso considerado extraordinariamente raro pela comunidade médica. O menino, chamado Ryu, desenvolveu-se não no útero da mãe, mas na cavidade abdominal, dentro de um saco amniótico, escondido atrás de um quisto ovárico de grandes dimensões.

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“Acredito em milagres”, afirmou a mãe, Suze Lopez, de 41 anos. Já o médico responsável pelo caso não escondeu o espanto: “Isto é de loucos”, descreveu John Ozimek, director médico do serviço de obstetrícia do hospital.

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Segundo o especialista, apenas cerca de uma em cada 30 mil gravidezes ocorre fora do útero, na cavidade abdominal. Levar uma gravidez deste tipo quase até ao fim e conseguir um nascimento com sucesso é “praticamente inédito”, com uma probabilidade “muito, muito inferior a um em um milhão”.

Suze Lopez, enfermeira e residente em Bakersfield, na Califórnia, só descobriu que estava grávida poucos dias antes do parto. Durante meses, atribuiu o aumento do volume abdominal a um quisto ovárico que era acompanhado pelos médicos desde os seus 20 anos. O seu historial clínico ajudou a mascarar os sinais da gravidez: já tinha sido submetida à remoção de um ovário e de outro quisto, tinha ciclos menstruais irregulares e nunca apresentou sintomas típicos, como náuseas ou movimentos fetais.

A situação agravou-se quando a dor e a pressão abdominal se tornaram mais intensas, levando-a a decidir avançar com a remoção cirúrgica do quisto, que acabou por pesar cerca de 10 quilos. Antes de realizar uma TAC, foi-lhe pedido um teste de gravidez — que deu positivo, apanhando a mãe completamente desprevenida.

Pouco depois, Suze começou a sentir-se mal e procurou assistência médica no Cedars-Sinai. Os exames revelaram um quadro de hipertensão grave e, posteriormente, um achado surpreendente: o útero estava vazio, mas existia um feto quase no fim da gestação, num espaço muito limitado do abdómen, próximo do fígado. A implantação ocorria sobretudo na parede lateral da pélvis, uma localização perigosa, mas considerada mais controlável do que uma fixação directa no fígado.

Especialistas alertam que a maioria das gravidezes extra-uterinas, também conhecidas como ectópicas, termina com ruptura e hemorragias graves se não for tratada. Um estudo de 2023 citado pela CBS News aponta para uma mortalidade fetal que pode atingir os 90% nas gravidezes abdominais, além de um risco elevado de malformações. Ainda assim, neste caso, mãe e filho sobreviveram.

O parto foi realizado por uma equipa multidisciplinar, sob anestesia geral, numa cirurgia complexa que incluiu também a remoção do quisto. A mãe perdeu quase todo o volume de sangue, necessitou de múltiplas transfusões, mas a hemorragia foi controlada e a recuperação decorreu de forma positiva.

Ryu nasceu com cerca de 3,6 quilos e tem apresentado uma evolução saudável. O nome foi inspirado num jogador de basebol e numa personagem da série de videojogos Street Fighter.

“Deus deu-nos este presente — o melhor presente de todos”, afirmou a mãe.

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