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Afinal, eram 3 ou 12 reis magos?

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 3 horas atrás em 25-12-2025

A tradição cristã popularizou a imagem de três Reis Magos ajoelhados diante do menino Jesus, oferecendo ouro, incenso e mirra. No entanto, fontes cristãs antigas e medievais mostram que essa representação está longe de ser consensual e não corresponde, de forma literal, ao que é descrito na Bíblia.

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O único texto canónico que menciona os visitantes do nascimento de Jesus é o Evangelho de Mateus, que se refere a eles simplesmente como “magos do Oriente”. O texto não indica quantos eram, não afirma que fossem reis, nem especifica a sua terra de origem ou o meio de transporte utilizado. A associação ao número três surgiu mais tarde, deduzida a partir dos três presentes mencionados.

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O termo “magos” (do grego magoi) era usado na Antiguidade para designar sábios, sacerdotes ou astrólogos, especialmente ligados à Pérsia e ao zoroastrismo. A referência à observação de uma estrela sugere que Mateus os via como astrólogos, mais do que como monarcas. Ainda assim, ao longo dos séculos, teólogos, escritores e artistas foram preenchendo as lacunas deixadas pelo texto bíblico, pode ler-se na National Geographic.

Fontes cristãs antigas apresentam versões muito diversas. Em algumas tradições, os Magos eram apenas dois; noutras, chegavam a ser doze. Textos siríacos medievais, como o Livro da Abelha e a Revelação dos Magos, referem um grupo numeroso vindo de uma terra distante chamada “Shir”, possivelmente situada para lá da Pérsia. Nesses relatos apócrifos, os Magos são apresentados como descendentes de Sete, filho de Adão e Eva, e guiados por uma estrela que assume forma quase humana.

A ideia de que os Magos eram reis consolidou-se apenas a partir do século VI. Segundo o biblista Raymond Brown, essa interpretação resultou de leituras de passagens do Antigo Testamento, como Isaías e os Salmos, que falam de reis estrangeiros a trazer presentes. Escritores cristãos como Tertuliano reforçaram essa visão, que acabou por se impor na Igreja Ocidental.

Também os nomes Melchior, Gaspar e Baltazar surgiram tardiamente, aparecendo apenas em textos latinos da Idade Média. Antes disso, outras tradições atribuíam-lhes nomes e origens diferentes, incluindo reis da Pérsia, de Saba ou do Oriente.

Quanto aos camelos, presença quase obrigatória nas representações natalícias, a sua inclusão resulta sobretudo de convenções artísticas e do facto de serem animais associados ao comércio e às viagens longas no mundo antigo.

Para os especialistas, a figura dos Magos evoluiu ao longo do tempo para refletir diferentes preocupações e crenças das comunidades cristãs. Podem ser vistos como sábios, astrólogos, reis, missionários ou símbolos da busca humana pelo divino.

Apesar das muitas interpretações, a narrativa essencial permanece: homens vindos do Oriente observam um sinal no céu e partem numa longa viagem em busca de algo maior. É essa procura — mais do que o número ou o estatuto dos Magos — que continua a fascinar crentes, estudiosos e artistas até aos dias de hoje.

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