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Estradas do futuro podem ser feitas de algas

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 48 minutos atrás em 25-12-2025

O asfalto, material amplamente utilizado na pavimentação de estradas, ruas, pistas de aeroportos e ciclovias, pode vir a tornar-se mais sustentável graças a uma inovação desenvolvida por investigadores norte-americanos. Uma equipa liderada por Elhan Fini criou um novo tipo de aglutinante à base de óleo de algas que poderá substituir parcialmente o betume derivado do petróleo, reduzindo as emissões de carbono e aumentando a durabilidade do pavimento.

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Atualmente, o asfalto convencional é composto por cerca de 5 a 10% de betume — um derivado do petróleo que funciona como ligante — e por 90 a 95% de agregados, como areia, cascalho e pedra triturada. Apesar de ser económico, flexível e reciclável, o asfalto apresenta desvantagens, como o desgaste rápido, a sensibilidade às temperaturas extremas e a deterioração causada pela humidade e pela chuva.

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Segundo os investigadores, estas limitações podem ser atenuadas com a utilização de compostos derivados de algas microscópicas. O estudo, publicado na revista científica ACS Sustainable Chemistry & Engineering, demonstra que um asfalto enriquecido com óleo de algas apresenta maior flexibilidade, melhor resistência à humidade e capacidade de “autocura”, prolongando a vida útil do pavimento e reduzindo os custos de manutenção.

A investigação analisou óleos de quatro espécies de algas através de modelos computacionais, com o objetivo de identificar quais poderiam substituir parte do ligante à base de petróleo sem comprometer o desempenho. A microalga verde de água doce Haematococcus pluvialis destacou-se pelos resultados obtidos, demonstrando maior resistência à deformação e melhor comportamento em condições de tráfego intenso e ciclos de congelamento e descongelamento.

Os testes revelaram que o asfalto com base em algas conseguiu uma melhoria de até 70% na recuperação da deformação em comparação com o asfalto tradicional. Além disso, os investigadores estimam que a substituição de apenas 1% do ligante de origem petrolífera por material derivado de algas poderá reduzir as emissões líquidas de carbono em cerca de 4,5%. Com uma substituição de aproximadamente 22%, o pavimento poderia tornar-se, em teoria, neutro em carbono.

Elhan Fini sublinha que esta tecnologia permite criar estradas mais resilientes e ambientalmente responsáveis sem um aumento significativo dos custos. O projecto foi financiado pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos.

Embora já existam alternativas ao asfalto convencional, como misturas com plásticos reciclados, borracha de pneus ou pavimentos em betão, estas soluções apresentam limitações em termos de custo, aplicação ou adaptação técnica. O asfalto à base de algas surge, assim, como uma opção promissora num contexto em que a sustentabilidade e a redução das emissões de carbono são cada vez mais prioritárias na engenharia civil e nos transportes.

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