Locais de espera, com piso diferente, e avisos sonoros frequentes tornam o Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) inclusivo, seguro e com condições para pessoas cegas e com baixa visão viajarem de forma autónoma.
Numa viagem de ‘metrobus’ com a agência Lusa, o presidente da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (Acapo) de Coimbra fez uma “avaliação muito positiva” do novo sistema.
“Fazemos uma avaliação muito positiva do atual estado de desenvolvimento das acessibilidades. Ainda há aspetos, certamente, a melhorar, mas o que já temos hoje permite que pessoas cegas e com baixa visão se desloquem com rapidez, com segurança, com acessibilidade neste espaço que vai já entre Serpins e a Portagem”, afirmou José Caseiro.
Desde terça-feira que o SMM liga a Portagem, em Coimbra, a Serpins, no concelho da Lousã.
Na estação Norton de Matos, em Coimbra, a cerca de 700 metros da sede da Acapo, o dirigente começou por assinalar que a entrada “está muito acessível”, dando o exemplo de uma grade que permite perceber que direção tomar.
“Tentaram, com sugestão nossa, por o mais acessível e seguro”, frisou.
Nas estações, José Caseiro destacou o piso “pitonado”, que permite saber a distância do lancil do canal, e os pontos de espera, com guias direcionais, sempre na mesma localização.
“Aguardando pelas viaturas nesse ponto, em que tem umas guias no chão, sabemos que a porta do meio da viatura é aquela que vai ficar à nossa frente”, afirmou.
Há também avisos sonoros frequentes nas estações a informar da aproximação dos veículos.
“Dá pelo menos dois avisos: um quando faltam quatro, cinco minutos e outro mais ou menos 30 segundos antes de a viatura chegar. E isso é muito positivo, porque sabemos que a viatura está a aproximar-se e vamo-nos preparando”, detalhou o dirigente da Acapo.
Para Caseiro, “é positivo” o aviso sonoro dentro das viaturas a informar das paragens, apesar de notar que “não há uma uniformização do volume de som”.
“Nalgumas está relativamente baixo e, quando as viaturas forem cheias, com a sua lotação quase máxima, será muito difícil ouvir-se o som”, alertou.
Outro reparo prende-se com a dificuldade de articulação dos semáforos do SMM e dos automóveis junto à paragem da Portagem, cujo som “é muito baixo”.
“Não me sinto seguro, porque, de facto, com muito barulho, é preciso estar mesmo em cima do semáforo, porque senão não conseguimos ouvi-lo”, admitiu o dirigente, que adiantou que a situação já foi reportada e que, julga, “vai ter uma solução para breve”.
Para Caseiro, os sinais “não podem ser todos no mesmo tom, porque depois confunde-se”.
O dirigente congratulou-se com a participação da Acapo no desenvolvimento do sistema, com reuniões, testes e sugestões, lembrando a abertura das portas em todas as paragens, que não estava inicialmente previsto.
“A Metro Mondego [MM] sempre recebeu e aceitou de bom grado as nossas propostas e tenho de felicitar a empresa por esta postura de abertura, de acessibilidade e por perceberem que, de facto, é um sistema bom para todos, para quem tem e para quem não tem deficiência. E só assim é possível, de facto, isto evoluir e tornar um sistema acessível, inclusivo e dentro de uma cidade também que se deseja inclusiva”, concluiu.
À Lusa, João Marrana, presidente da MM, disse que, para a empresa, o sistema de transporte público deve ser um “elemento de inclusão social” e que o trabalho com a Acapo foi “muito importante”.
“Há um conhecimento da Acapo que, obviamente, é muito superior à de qualquer um de nós, ou de qualquer um dos projetistas, porque lidam diariamente com pessoas que têm essa limitação e, obviamente, que foi muito importante”, afirmou.
Com as operações do SMM a iniciar, João Marrana reconheceu que “há aspetos que certamente ainda não estão totalmente afinados”.
“Há ajustamentos que certamente teremos que fazer e estamos com toda a boa vontade e todo o empenho em fazê-los”, garantiu.
PUBLICIDADE
